O gráfico da evolução da pesquisa do Ibope em Porto Alegre ilustra com muita clareza a importância do tempo de rádio e TV em uma campanha como esta, em que quase tudo o que se fazia no passado está proibido. Sebastião Melo saltou de 10% no início da propaganda para 22% entre 6 e 9 de setembro e chegou a 29% a uma semana da eleição. Até começarem as aparições massivas na propaganda, o vice-prefeito de Porto Alegre era desconhecido da maioria dos eleitores, apesar de já ter sido vereador e presidente da Câmara.
A bordo de uma aliança de 14 partidos, Melo tem 3 minutos e 50 segundos de um total de 10 minutos nos programas e a mesma proporção nas inserções distribuídas ao longo da programação. Na propaganda, Melo se assume como a continuidade do governo atual, mas usa também a sua antítese – mudança – para pedir votos dos eleitores críticos à gestão de José Fortunati (PDT).
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O segundo maior tempo (1 minuto e 54 segundos) é de Nelson Marchezan (PSDB), que saiu de 12%, foi a 17% na pesquisa anterior e manteve o mesmo índice na mais recente. Quase sempre caminhando e falando, o tucano usa esse tempo para se apresentar como a novidade da eleição e para fustigar Melo e a administração Fortunati. Marchezan tem também a campanha mais rica. Até esta sexta-feira, tinha arrecadado R$ 1,3 milhão, mais que o dobro de Melo e de Raul Pont (PT).
Os índices de Pont evoluíram dentro da margem de erro: 18%, depois 19% e agora 17%. Pont se beneficia da lembrança do eleitor, por já ter sido prefeito, e de um eleitorado que se mantém fiel ao PT.
O mesmo fenômeno que explica a ascensão de Melo está na raiz da queda de Luciana Genro (PSOL). Por ter sido candidata a presidente da República e por ser crítica de todos os governos, Luciana largou na frente, mas foi perdendo terreno com o avanço da propaganda, porque sua campanha é praticamente invisível no rádio e na TV. São apenas 12 segundos no bloco de 10 minutos.
As simulações de segundo turno indicam que Marchezan é o adversário mais difícil para Melo. Sobre Pont, a vantagem do vice-prefeito é de 20 pontos. Na disputa com Marchezan, cai para seis pontos.
O Ibope constatou que a avaliação do prefeito José Fortunati piorou entre uma pesquisa e outra. A soma de bom e ótimo caiu de 20% para 17%, e de ruim e péssimo subiu de 29% para 38%. Já a baixa popularidade do governador José Ivo Sartori se manteve estável: 9% de bom e ótimo contra 56% de ruim e péssimo. O presidente Michel Temer perdeu um ponto na soma de bom e ótimo (caiu de 13% para 12%), e aumentou em três pontos a avaliação negativa (de 36% para 39%).