Duas vezes na vida, senti uma vontade imperiosa de rezar depois de algumas horas em contato com a memória do horror. A primeira, numa tarde de dezembro de 1999, quando visitei o campo de concentração de Buchenwald. Nevava quando chegamos ao prédio que ainda mantém na fachada a inscrição Arbeit macht frei, frase que em alemão significa "o trabalho liberta". Apesar de muito bem agasalhada, eu batia queixo enquanto a solícita intérprete alemã ia explicando cada peça daquele estranho museu. Era um frio na alma, coisa impossível de se descrever em palavras. De volta a Weimar, pedi que me levasse a uma igreja.
Crônica de domingo