Listas e apostas. Prepare-se, começou a semana Nobel. O prêmio da academia sueca, que anunciou na segunda-feira (1) James P. Allison e Tasuku Honjo como ganhadores na categoria Medicina, nos lembra que, até sexta-feira (5), conheceremos, a cada dia, personalidades ou entidades reconhecidas por seus feitos pela humanidade. Em tempos de isolacionismos e polarizações aqui e além fronteiras, o Nobel nos recorda de cidadãos e cidadãs globais, cujo trabalho subverte o egoísmo em nome da cooperação. É o nosso melhor como humanidade.
As preferências costumam agitar sites de apostas nos EUA e na Europa. É impossível dizer com precisão quem será o nome reconhecido como a figura mais importante para a paz no mundo (este, o mais esperado, será revelado na sexta), mas nada nos impede de especular.
Como faz desde 2002, os diretores do Peace Research Institute Oslo (Prio), uma das mais importantes entidades de pesquisas sobre a paz, divulgaram sua lista de favoritos. Em primeiro, aparece o World Food Programme, organização humanitária que fornece, por ano, comida para 90 milhões de pessoas. Também estão entre os favoritos a SOS Méditerranée, que, com seu navio Aquarius, tem resgatado migrantes que tentam atravessar o Mar Mediterrâneo, fugindo de guerras no norte da África e do Oriente Médio. Habitué da lista todos os anos, a Organização Médicos Sem Fronteiras também é favorita.
Em tempos de fake news e ataques sistemáticos à liberdade de imprensa e ao jornalismo profissional – dos EUA de Donald Trump às Filipinas de Rodrigo Duterte, passando pela Turquia de Recep Tayyip Erdogan – não posso esconder minha preferência pela organização Repórteres Sem Fronteiras, que aparece entre as primeiras nas bancas de apostas.
Essas são as entidades. Como pessoas físicas, chances para Denis Mukwege, médico congolês célebre pela ação humanitária na República Democrática do Congo. Ele faz um trabalho fundamental na reparação e tratamento de mulheres estupradas por milícias na guerra civil. Nadia Murad, ativista de direitos humanos yazidi, sequestrada pelo Estado Islâmico em 2014 e hoje na luta contra o tráfico humano, é outra na relação, que também traz ainda Tarana Burke, ativista afro-americana dos direitos civis e uma das fundadoras do movimento MeToo. Oby Ezekwesili, uma das fundadoras da Transparência Internacional, é outra mulher cotada.
A academia de Oslo prefere consensos a personalidades polêmicas – premiar Trump, neste caso, parece algo distante. Mas é preciso reconhecer: ainda que estejamos longe de uma paz duradoura na Península Coreana, os passos dados até agora por Kim Jong-un e Moon Jae-in não teriam sido possíveis sem a bênção do americano – com todas as ressalvas que se tenha. Então, minha aposta é: Trump, Kim e Moon. Mas meus preferidos, além da Repórteres Sem Fronteiras, são Tarana Burke e seu MeToo e o necessário trabalho da SOS Méditerranée, que coloca no centro o drama das migrações aqui e do outro lado do mundo.