
O mercado segue se apropriando de objetos que já usamos há muitos anos para trazer novas tecnologias. Foi assim com o relógio, bracelete, anel e óculos.
Estima-se que, só no Brasil, mais de 50 milhões de pessoas usem óculos de grau para auxílio da visão. Para elas, substituir o mesmo óculos por um que, além de cumprir sua função, traga também a opção de tirar fotos, fazer vídeos, mandar mensagens de voz e até realizar reuniões pode ser muito atrativo.
A história dos óculos inteligentes teve um grande momento no início dos anos 2010, com iniciativas como o Google Glass. Apresentado em 2012, o Google Glass era um dispositivo de realidade aumentada que permitia aos usuários acessar informações sem o uso das mãos, utilizando comandos de voz para interagir com o dispositivo. Embora tenha gerado grande expectativa, enfrentou desafios relacionados à privacidade e funcionalidade, limitando sua adoção em larga escala.
Avanços e novos modelos
Após o Google Glass, diversas empresas exploraram o mercado de óculos inteligentes:
- Snap Inc.: em 2016, lançou o Spectacles, óculos de sol com câmera integrada que permitia a gravação de vídeos curtos para o Snapchat. Embora não oferecessem funcionalidades avançadas de realidade aumentada, destacaram-se pela integração com redes sociais.
- Microsoft: introduziu o HoloLens, um dispositivo de realidade mista que combina hologramas com o ambiente real, direcionado principalmente para aplicações empresariais e de desenvolvimento.
- Vuzix: conhecida por seus óculos inteligentes voltados para o setor industrial, oferecendo soluções de realidade aumentada para melhorar a eficiência e a segurança no trabalho.
Lançamentos no MWC Barcelona 2025
No MWC 2025, realizado em Barcelona, várias inovações em óculos inteligentes foram apresentadas:
- Lentes de contato inteligentes: a empresa Xpanceo revelou lentes de contato com realidade virtual integrada, permitindo acesso rápido a informações e notificações diretamente no campo de visão do usuário.
- BleeqUp: apresentou óculos para ciclistas com uma câmera de ação integrada, combinando proteção ocular com a capacidade de capturar vídeos durante a atividade física.
- Huawei: embora não diretamente relacionado a óculos inteligentes, introduziu o Mate XT, um smartphone com tela dobrável em três partes, indicando uma tendência de dispositivos móveis cada vez mais integrados e versáteis.
Os óculos inteligentes podem substituir os celulares?
Eu apostaria nisso por alguns motivos:
- Acessibilidade instantânea – A informação pode ser projetada diretamente no campo de visão, eliminando a necessidade de olhar para uma tela separada.
- Mãos livres – Diferente dos celulares, os óculos inteligentes permitem interações sem o uso das mãos, o que pode ser mais prático para várias tarefas.
- Integração com IA e assistentes virtuais – Com comandos de voz e realidade aumentada, os óculos podem oferecer uma experiência mais fluida e intuitiva.
- Conectividade e computação espacial – Empresas como Apple e Meta estão investindo na ideia de que a interface do futuro será imersiva, e os óculos podem desempenhar um papel central nisso.
- Miniaturização da tecnologia – Sensores, baterias e displays estão ficando menores e mais eficientes, tornando os óculos mais viáveis como substitutos dos smartphones.
Com todo o arsenal que temos e teremos à disposição com a inteligência artificial e seus agentes de IA, fazer o que fazemos com o celular usando apenas a voz será, a cada dia, mais comum. Com isso, talvez o celular se torne cada vez menos necessário.
Estava indo para casa, na volta do MWC Barcelona, e me deparei com os óculos (na foto do início).
Por 20 euros, você já pode ter um óculos para ouvir músicas. Em breve, teremos muitos outros.
Seguimos acompanhando.