Embora eu sempre tenha sido um entusiasta do projeto que vai transformar o Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, o Harmonia, em um gigantesco complexo turístico a céu aberto, confesso que um certo receio ainda me atormentava: o fantasma da cafonice.
Aquela ideia de celebrar a cultura e a história do Rio Grande do Sul atirando para todo lado, com reprodução de arquitetura antiga, réplicas de dinossauros, megarroda-gigante, vilas temáticas, museu de inovação, menções a lendas folclóricas, toda essa miscelânea me parecia um prato cheio para escorregar no mau gosto. Ainda assim, nunca neguei que as vantagens do projeto seriam muito maiores do que qualquer patacoada kitsch – não é todo dia que a iniciativa privada prevê mais de R$ 200 milhões em investimentos numa área que, atualmente, só consegue atrair algum público durante um único mês do ano, setembro, quando ocorre o Acampamento Farroupilha.
Pois na semana passada, em um evento na Casa do Gaúcho, a concessionária GAM3 Parks apresentou detalhes da proposta. E, meu amigo, ela é espetacular. Tudo conversa, tudo se comunica – os pórticos de pedra, as passarelas, as construções, os restaurantes. Achei as vilas italiana e alemã de uma singeleza adorável, a tal Terra dos Dinossauros é moderna e também bucólica, a Praça da Colônia Africana tem um colorido único, o paisagismo do parque exala bom gosto em cada recanto.
Em resumo, não há nada de brega ali, pelo contrário: o projeto, arrojado e refinado, tem ambientações capazes de transportar o visitante para uma experiência memorável, digna de aplausos internacionais. E com a cultura no centro de tudo. A questão, agora, é saber se a execução das obras vai honrar as expectativas – que subiram demais com a apresentação da semana passada – e se realmente haverá recursos para tanta magnificência. A concessionária garante que sim.
De qualquer forma, acusações injustas de cafonice seguirão ressoando nos próximos anos, até que o novo Harmonia esteja pronto – a conclusão total está prevista para 2027, mas as primeiras atrações já serão inauguradas no ano que vem. Por algum motivo, ainda há quem considere maravilhoso esse tipo de inovação quando ocorre na Itália ou na Espanha, mas, ao chegar aqui, tudo vira deboche. Não tem problema: aos poucos, vão todos se convencendo.
Fase 1 - setembro de 2023 - R$ 25 milhões
- Centro de eventos Casa do Gaúcho
- Roda-gigante aberta ao público
- Praça da Harmonia com 12 operações comerciais
- Estação de trem
- Pórtico de acesso
- Nova churrascaria
- Vila Italiana, com sete operações comerciais, e Vila Alemã, com três operações comerciais
- Praça dos Imigrantes
- Labirinto
Fase 2 - 2024 - R$ 15 milhões
- Mirante
- Pórtico e passarela de acesso (que liga o trecho 1 da Orla ao Parque Harmonia)
- Montanha-russa e brinquedos de diversão
- Praças folclóricas
- Mais três operações comerciais na Vila Alemã
- Novas operações gastronômicas
Fase 3 - 2026 - R$ 41 milhões
- Parque Terra dos Dinossauros com certificação do Guinness Book
- Arena de rodeios
- Área de churrasqueiras e estacionamento automatizado
- Recanto da erva-mate
- Obra temática alusiva ao Salto do Yucumã, a maior queda longitudinal do mundo, com restaurantes com terraço e vista para o Guaíba
- Espaço do Amanhã e pontos comerciais temáticos
- Atrações na Orla, como: bumper boat, barquinhos de controle remoto, tela d'água, águas dançantes e show de drones
Fase 4 - setembro de 2027 - R$ 13 milhões
- Finalização e consolidação do projeto, com a entrega de oito operações no Parque Harmonia