
Não pode ser uma proposta "de esquerda". E nem "de direita", claro, porque o repúdio ao racismo está acima disso. Essa é a preocupação do grupo que propõe alterar o nome da Rua Barão do Cotegipe, em Porto Alegre: eles buscam apoio, na Câmara Municipal, de vereadores de todas as matizes ideológicas.
– Também já entramos em contato com a Sogipa (que fica naquela rua) e com a associação dos moradores do bairro São João. Queremos ouvi-los, queremos debater – afirma um dos idealizadores do movimento, Jorge Terra, procurador do Estado e presidente da Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra da OAB-RS.
Líder da bancada escravagista, Barão de Cotegipe (1815-1889) foi um dos seis senadores – eram 71 no total – que votaram contra a Lei Áurea. Não custa lembrar que ele já era atrasado naqueles tempos: todos os países do Ocidente, exceto o nosso, já tinham abolido a escravatura.
Vereadores de esquerda, como Karen Santos (PSOL), Adeli Sell (PT) e Marcelo Sgarbossa (PT), já se colocaram à disposição do movimento, que divulgou um manifesto assinado por mais de 30 instituições (leia a íntegra aqui). Uma das signatárias é a Federação Israelita do Rio Grande do Sul – e o vereador mais identificado com ela é Valter Nagelstein (PSD), que se diz de centro-direita. Ele foi procurado pelo grupo.
– Sou contra qualquer tipo de discriminação e, por isso, tenho toda a disposição de conversar. Amanhã (quinta-feira, 2) vamos falar por telefone – afirma Nagelstein.
Nos próximos dias, outros parlamentares nada identificados com a esquerda, como Wambert Di Lorenzo (PTB) e o pastor Alvoni Medina (REP), também serão contatados por integrantes do movimento.