Uma rua arborizada, com calçadas largas, espaço para ciclistas, zonas de convivência e que estimule a interação entre moradores, comerciantes e frequentadores. Esse é o cenário projetado pela prefeitura de Porto Alegre para a João Alfredo, uma das vias mais conflituosas da Capital, que fica no coração da Cidade Baixa.
Neste final de semana, começa a primeira fase da implementação do conceito de “rua completa”, que integra motoristas, pedestres, ciclistas e usuários de outros meios alternativos de transporte e pretende harmonizar o convívio e diminuir as disputas pelo espaço público.
No sábado (30), um evento vai apresentar o conceito à comunidade e colher opiniões sobre o que deve – ou não – ser colocado na “nova” rua. Os participantes poderão avaliar se concordam ou discordam de cada item – como ciclovias e áreas de vegetação, por exemplo.
Esboços de outras “ruas completas”, concebidos por estudantes da Unisinos, servirão de modelo para inspirar os apontamentos.
- Contamos com a ajuda da comunidade e temos sensação de que a cidade vai adotar essa ideia. Quando implementarmos, vai ser a rua “queridinha” de Porto Alegre – aposta o diretor-presidente interino da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Fábio Berwanger.
Apresentado em 2017, o projeto de transformação da João Alfredo em “rua completa” foi desenvolvido em parceria com a ONG WRI Brasil, que desenvolve iniciativas semelhantes em outras dez cidades brasileiras. Em Porto Alegre, o plano ficou parado no ano passado e foi retomado pela estatal neste ano.
Com a redução da pista para a circulação de carros (o que, em tese, induz a redução da velocidade), as calçadas serão alargadas e a rua será recheada com flores, plantas e equipamentos públicos, como parklets e chafarizes.
- Apesar de ser extremamente conhecida e frequentada, a João Alfredo é árida, sem bancos ou árvores e com calçadas estreitas. Queremos transformá-la em uma rua de convívio - resume Berwanger.
Também no sábado, a EPTC implantará um “aperitivo” das transformações que serão aplicadas nos 650 metros da rua. O cruzamento com a Rua Lopo Gonçalves receberá uma rotatória e terá parte do entorno pintado, estendendo a área de circulação dos pedestres. Serão implantados espaços entre as pistas, novas faixas de segurança e linhas de orientação dos veículos.
A nova cara é projetada para o uso diurno da rua, que tem sido palco de grande concentração de pessoas durante a noite, o que gera conflitos e tensão entre moradores e frequentadores. Mesmo assim, também são esperados reflexos positivos nos problemas de segurança.
- Não é (direcionado) para resolver os problemas que acontecem à noite, mas, deixando a rua mais bonita, contamos que os conflitos noturnos sejam amenizados, assim como aconteceu com a orla do Guaíba – compara o diretor da EPTC.
Depois da consulta à comunidade, começará a etapa temporária, em que uma nova sinalização será pintada em toda a rua, ainda neste semestre. A revitalização definitiva ainda não tem prazo para começar, mas, segundo Berwanger, a estimativa é de concluir o projeto até o final deste ano, para que a obra possa ser licitada no início de 2020.
A prefeitura ainda não estima o custo do projeto, e espera receber contribuições de empresários e da comunidade, com a doação de equipamentos do mobiliário urbano. Além disso, a EPTC também deve propor parcerias com a iniciativa privada para aproveitar áreas de publicidade no mobiliário da rua.
*Colaborou Paulo Egídio