Líderes bolivarianos sempre me provocaram estranheza. O próprio coronel Hugo Chávez chegou ao poder e, mediante o preço alto do petróleo, distribuiu a riqueza. Ok. Mas não deu seguimento a uma mudança estrutural como se requereria de um homem voltado aos princípio mais humanistas do que chamamos de justiça social. Sobre Nicolás Maduro, então, melhor nem falar. O sujeito se limita a contemplar um país derretendo, as pessoas morrendo de fome e de doenças que curariam caso tivessem acesso a remédios.
Enfim, é tudo muito complexo.
Mas ponho em dúvida os reais princípios dessa turma.
Agora, surge esta informação: o presidente boliviano, Evo Morales, inaugura hoje uma escola de formação militar para oficiais da Bolívia e de outros países da chamada Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba).
Que nome levará a tal escola, localizada em Warnes (Santa Cruz)?
Juan José Torres Gonzáles!
Quem é Juan José Torres Gonzáles?
Seria um dos três chefes militares que orquestraram a morte de Ernesto Che Guevara em 1967, na Bolívia. Não apertou o gatilho, mas decidiu.
Os responsáveis pela execução seriam o presidente René Barrientos, o comandante-em-chefe das Fuerzas Armadas, Alfredo Ovando, e o chefe do Estado Maior, o general do exército Juan José Torres González.
Juan José Torres, depois, presidiu a Bolívia em 1970 e 1971.
Foi derrubado num golpe promovido por Hugo Banzer.
Morreu na Argentina, em 1976, dizem que pelas mãos dos repressores que recém haviam tomado o mando de Buenos Aires.
Enfim, trata-se de um personagem nebuloso e contraditório.
...
Na dita escola, serão ensinadas "doutrinas anti-imperialistas" a militares.
Por que Torres González lhe emprestará o nome? Porque, aos olhos de líderes que vieram a partir dos anos 1970, ele se redimiu, liderando um movimento visto como "patriótico e libertador".
O novo curso se dará em nível de pós-graduação.
Pós-graduação de paradoxos e contradições!
E de muita incompreensão.