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Faltando poucos dias para o Oscar da pandemia, resolvi dar uma espiada nos principais filmes indicados para a glória eterna da estatueta dourada. Comecei por Mank, que vai para a disputa com 10 indicações, mas não concorrerá exatamente na categoria de sua própria temática: a de melhor roteiro.
Mank (Herman Mankiewicz na vida real), interpretado por Gary Oldman, é exatamente um roteirista, o escritor que teria bolado a história daquele que é considerado por muitos críticos de cinema como o melhor filme de todos os tempos — o consagrado Cidadão Kane. Na época, ele até foi reconhecido pela Academia como coautor do argumento do filme, mas seu parceiro Orson Welles, como se sabe, ficou com a maior fatia da fama.
Alcoólatra, mulherengo e irresponsável, Mank é um gênio das letras e da imaginação. Até seus discursos de bêbado são obras literárias de dar inveja em quem se esforça para juntar letrinhas, como é o caso deste escriba semianalfabeto em cinema. Por isso, procurei um especialista para entender melhor por que Mank não concorre em nenhuma das categorias destinadas a roteiristas.
O advogado Marco Antônio Campos, que sabe tudo da sétima arte, me explicou pacientemente que um campeão de indicações pode sair da cerimônia de mãos vazias.
— É uma certa maldição do Oscar. O filme que é lançado muito cedo vai perdendo força na medida em que outros concorrentes aparecem mais perto do prêmio.
Apesar disso, Marco também acha que Mank poderia concorrer ao melhor roteiro original. Porém, com a vantagem de quem entende do assunto e já viu a maioria dos filmes indicados à premiação, ele ressalva que a disputa será muito acirrada nessa categoria.
— Há filmes muito bons, todos com roteiros excelentes.
Se o homem falou, tá falado. Vamos conferir. Ainda assim, na minha condição de simples e limitado espectador, vou torcer para que Gary Oldman ganhe o prêmio de melhor ator, o que já seria uma bela homenagem ao genial e genioso escritor que ele interpreta no filme.
Talvez até um desagravo póstumo.