Depois da goleada sobre o São Luiz, Renato Portaluppi falou que é preciso manter os pés no chão, que é só o começo e novas e maiores dificuldades virão. Texto prudente como cabia naquele momento em que gremistas em transe deixavam a Arena “suarizados”, para usar a expressão do repórter de torcida Douglas Demoliner da Rádio Gaúcha.
Era o papel do gestor trazer palavras terrenas na nuvem de sonho que tomou conta, legitimamente, da torcida gremista após o 4 a 1 com três gols de Suárez e boas atuações por todos os setores. O coletivo jogou de primeira, o que modernamente chama-se velocidade de execução. Os estreantes deram ótima amostra, especialmente Pepê, um acertador de passes no meio-campo.
Neste mesmo setor, ficou ligada a seta de alerta para espaços que o visitante encontrou entre Villasanti e Pepê, dois volantes que são menos de bote e mais de posicionamento. Bitello ajuda a marcar, já que começou como volante no profissional, mas os atacantes precisarão ajudar na tarefa. Campaz é o titular da hora, ainda que continue sendo o candidato principal a sair do time para entrada do argentino Cristaldo. O Grêmio campeão da Recopa fez mais do que erguer a taça. Encantou.
O Barcelona de Guardiola, o Flamengo de Carpeggiani e outros poucos times no mundo conseguiram somar encantamento e pragmatismo. Guardadas as devidas proporções, o Grêmio de Renato em 2016 e 2017 viveu alguns momento parecidos. Os melhores times, aqueles lembrados tempos afora, sempre foram hábeis em misturar na dose certa o que se faz preciso para vencer — determinação, método, concentração — com aquilo que torna a cereja mais doce — drible, golaço, goleadas.
Este Grêmio que abre 2023 tem muitas missões prioritárias antes de encantar.