A vitória épica sobre o Colo-Colo no Beira-Rio animou grande parte da torcida do Inter a acreditar em voos mais altos do seu time na temporada que começou com angústia e incerteza. Contra o time chileno, houve o combo perfeito de atitude com desempenho.
As ambições ganharam outra proporção pelo fato de que o Colorado conseguia se superar sem contar com jogadores da importância de Wanderson, que nem jogou, e Alan Patrick, que saiu ainda no primeiro tempo. Taison entrou e respondeu, Pedro Henrique pôs o jogo no bolso e tudo parecia ganhar novas e mais intensas cores.
Logo depois, a vitória no Brasileirão sobre o América-MG já teve mais atitude do que desempenho, acontece. A seguir, empate e boa atuação cheio de desfalques contra o Athletico-PR em Curitiba e o espetacular empate com o São Paulo no Beira-Rio.
Ao fim do jogo, torcedores ouvidos pelo Douglas Demoliner na Gaúcha relatavam decepção com o resultado. O Inter estivera três vezes à frente, cedeu o empate, quase ganhou e quase perdeu. Então, é provável que esteja na cabeça de quem veste vermelho a pergunta do título.
A lógica me leva a bancar candidatura colorada na Sul-Americana, talvez numa final contra o mesmo São Paulo. Aliás, o mesmo, não. Inter e São Paulo, caso decidam a competição continental, certamente terão mais titulares do que tiveram quarta-feira passada.
Jogo único, favoritismo que se atribua a um ou outro relativizado por não haver volta. Quem estiver mais concentrado no dia certo, quem fizer seu melhor no dia certo põe a faixa no peito. Com Wanderson a pleno e Alan Patrick de volta, o Inter é um dos favoritos ao título.
O time está amadurecendo dentro do Brasileirão, incluindo aí jogos como os dois últimos. Neste domingo e imediatamente na rodada seguinte, o Inter se defronta com o campeão da Libertadores e com o campeão brasileiro. Seria pretensioso dizer que serão testes para o jogo contra o Melgar nas quartas-de-final da Sul-Americana, onde o Inter entra de favorito.
Mas é certo que adversários tão difíceis darão ao time de Mano Menezes capacidade de enfrentamento contra outros menos qualificados, como o peruano. Veja, quem me lê, que trato a Sul-Americana com a mesma prioridade que a direção e o treinador. É o título mais possível por qualquer olhar que se coloque na comparação com o Brasileirão.
Restam cinco jogos para o Inter ser campeão, só o São Paulo tem a mesma dimensão técnica e peso de camisa. No campeonato brasileiro, a regularidade se sustenta na qualidade de elenco dos pretendentes. Neste quesito, o baronato supera o Inter. O Palmeiras e o Atlético MG já não têm a Copa do Brasil, estão fortes na Libertadores.
O Flamengo segue nas três, sua fragilidade momentânea é o Brasileirão, mas com viés de alta. O Corinthians vem logo abaixo, ele ou Flamengo vai sair da Libertadores na próxima fase. O improvável Athletico-PR está em todas. No entanto, não creio ter braço e perna para se manter candidato nas três competições.
O Inter, na candidatura nacional, vai tentar entrar na mesma brecha que o fez disputar o Brasileirão retrasado até a última rodada. Não está proibido, não tenho autoridade nem vontade para tanto. Só não reconheço fôlego no grupo de jogadores do Inter para se candidatar com a mesma força na Sul-Americana e no campeonato brasileiro.
A janela para reforços está aberta, Flamengo, Palmeiras e Atlético MG ostentaram nos reforços. O CAPA, centro de análise e prospecção de atletas do Inter, fez grande lance com Wanderson. Se repetir a competência para encontrar um inesperado goleador que o clube possa bancar, fantástico.
Do contrário, o grupo será este e Mano Menezes, especialista em torneios eliminatórios, vai ter que extrair todo suco possível do que tem em mãos. De qualquer forma, basta um olhar retroativo para constatar o quanto a temporada colorada mudou de estatura.
Não foram poucas as manifestações de temor nas redes sociais de colorados e coloradas quanto a rebaixamento. Título, então, era sonho transferido para 2023.
Mesmo que a taça não venha em 2022, as bases para um próximo ano melhor estão lançadas, o que insere obrigatoriamente Mano Menezes no contexto. Melhor fazer proposta a ele agora. No fim do ano, pode ficar bem mais caro.