O campeão da Série B começa por um goleiro gaúcho e termina no atacante que o Inter dispensou porque concluiu ser insuficiente. Marcelo Boeck, capitão, e Marcinho, protagonista, são personagens do time competente formado por Rogério Ceni, o ídolo são-paulino filho de um colorado.
Na quinta-feira (15), o Fortaleza encheu o Castelão para comemorar o título e fez 4 a 1 no Juventude, já rebaixado. Parecia impossível essa cena há bem pouco tempo. Por dois anos seguidos, coube a times gaúchos evitar o acesso do Fortaleza com estádio lotado. Brasil-Pel e Juventude subiram de divisão em cima dele e no Ceará.
Fiquei curioso e perguntei ao presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, qual a sensação de subir sendo campeão no ano em que o Juventude, por exemplo, caiu tristemente para a Série C. Paz, 35 anos, é o homem que conduz este ano tão espetacular do clube. Já era dirigente nos anos duros de ser eliminado em casa. Administrador de empresas, sabe que gestão é parte essencial do sucesso. O mandato vai até 2021. O desafio agora é subir e permanecer. Fiz quatro perguntas para o jovem presidente. Confira:
Tem sabor especial subir campeão no ano em que o Juventude caiu?
Nosso título e acesso não têm qualquer relação com o Juventude. Não há nenhuma mágoa ou sabor diferente por eles terem nos tirado o acesso em 2016. Coisa do futebol, foram mais competentes. O sabor é de alegria, conquista, do amor que nossa torcida sente neste momento.
Qual foi a razão da aposta em Rogério Ceni? Vai ser possível mantê-lo para 2019?
A aposta no Rogério foi por alguém vencedor, com perfil de líder, sério. Alguém que queria vencer na carreira, daria tudo para isso, e assim fez. Eu torço e estou trabalhando, acreditando, sim, na permanência dele.
Marcinho, ex-Inter, é sucesso no Fortaleza. Qual foi a política de contratações para o acesso e qual será para 2019?
Marcinho está muito bem com a gente. Ele se encaixou dentro de uma política de contratações de jogadores para fazer a função específica que o treinador gosta. É um jogador de velocidade, de lado de campo. Parte da nossa política de contratações privilegiou a atribuição do jogador em campo e não necessariamente o nome desse jogador. Para 2019, a política deve permanecer a mesma porque a ideia é continuar com a atual comissão técnica, obviamente traçando um perfil diferente da competição, que será a Série A.
O senhor torce pela permanência do Ceará na Série A, para haver o Clássico-Rei na elite, ou seca o rival para que caia?
Eu, como torcedor do Fortaleza e presidente do clube, não vou dizer que torço para o Ceará ficar, assim como eles não torceram para subirmos. Mas, hoje, temos uma relação muito boa entre as diretorias, entendo que a permanência do Ceará na Série A é excelente para o nosso futebol e para a economia do nosso Estado. No pensamento macro, seria algo positivo para todos os envolvidos.