No penúltimo dia útil do ano, o dólar operou meio de lado, mas manteve a tendência e fechou com variação para cima de 0,26%, para R$ 6,193. Durante o dia, a máxima chegou a R$ 6,215. Marcaram as negociações um IPCA-15 abaixo das previsões, um novo recorde no nível de emprego e o impasse no pagamento de emendas parlamentares, que não se desfez até o encerramento do pregão.
Desta vez, não houve intervenção do Banco Central (BC), que já empregou um arsenal de US$ 30 bilhões entre venda à vista, swaps cambiais e leilões com recompra programada desde 12 de dezembro. Em tese, como o ano está terminando, as remessas habituais para o Exterior diminuem de volume, portanto um mercado menos movimentado.
Como a coluna já descreveu, desemprego baixo é sinal de economia aquecida, o que o BC tenta esfriar até com choque de juro. Para 2025, há projeção de que essa dinâmica seja alterada, mas provavelmente isso ocorra apenas no segundo semestre.
O imbróglio nas emendas começou logo depois do recesso parlamentar, que começou no dia 20. O Executivo fez acordo com o Congresso para liberar emendas em troca da aprovação do pacote de corte de gastos, mas logo depois o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino suspendeu o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão.
Como isso ocorreu sem a aprovação do projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa), criou uma situação desconfortável para o governo, que pode enfrentar dificuldade na obtenção dos votos necessários no final do recesso, em fevereiro.
O que fez o dólar subir
Neste final de ano, ao menos quatro fatores se combinaram na pressão cambial. Um decorre das próprias pausas nos negócios determinadas pelos feriados, que sempre deixam o mercado mais cauteloso. Outro veio do aumento na projeção de juro e inflação do Relatório Focus. Mais um veio de estimativas de desidratação do pacote fiscal do governo no Congresso, no Brasil, com o reforço do temor de aumento da dívida e, finalmente, a informação de que o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) deve espaçar a redução de juro no país.
Como o BC vem intervindo
Iniciada em 12 de dezembro, a oferta de dólares pelo BC já passa de US$ 30 bilhões, dos quais US$ 16,76 bilhões em leilões à vista, ou seja, com recursos das reservas internacionais.