O Banrisul vai repactuar três parcelas de empréstimos consignados de funcionários públicos de prefeituras que tem convênio com o banco estadual. A possibilidade estará disponível a partir de 11 de maio, nas agências do banco estadual, depois de agendar visita. A medida foi anunciada, nesta quarta-feira (29), pelo presidente do banco, Claudio Coutinho, em entrevista à coluna durante a série de entrevistas por videoconferência de GaúchaZh. Coutinho detalhou ainda outras medidas adotadas pelo banco para facilitar o acesso dos clientes as linhas de crédito:
– Estamos estendendo para os profissionais públicos das prefeituras conveniadas ao Banrisul a possibilidade de repactuar as dívidas. Os clientes poderão solicitar a prorrogação das parcelas que venceriam em junho, julho e agosto.
Segundo Coutinho, serão admitidos automaticamente pedidos de clientes com até Pode ter uma parcela em atraso, se tiver mais, as agências já estão orientadas para não deixar de atender nestes casos, mas não é um acesso automático. Da mesma forma que foi feito para os funcionários públicos estaduais. A solicitação poderá ser realizada a partir de 11 de maio e até 25 de maio. Essa operação não poderá ser feita via aplicativo, deve-se agendar o atendimento por meio do call center ou diretamente com a agência para solicitar essa prorrogação. Esses recursos sobrando ou deixando de ser cobrados serão muito importantes para fazer girar a economia.
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Facilitações de acesso ao crédito
"Desde 16 de março, criamos a linha de crédito Repac (de renegociação de dívidas), concedemos dois meses de carência para pequenas e médias empresas e pessoas físicas. Podem parcelar isso em até 12 meses, com 90 dias de carência. Fizemos da mesma forma para quem tem crédito imobiliário, também repactuamos em 60 dias. Para empresas da construção civil, as três próximas parcelas vão ser diluídas para o final do contrato. Para agricultores atingidos pela estiagem, ampliamos para três anos, para os não impactados adiamos para julho, para analisarmos a situação. Para quem quer financiamento para investimento, oferecemos seis meses de carência. Ampliamos o uso do limite do app, aumentamos o limite de saques no caixa eletrônico, de R$ 1,5 mi para R$ 3 mil. Flexibilizamos a exigência de documentos registrados em cartório. Estamos atendendo caso a caso as grandes empresas, nem sempre no volume e condições esperadas, mas atendemos todas."
Desembolso efetivo
"A procura é inferior do que imaginávamos, pois quando a economia não gira, não fatura e não vende, não tem a mesma capacidade de capital de giro. Diria que a queda da economia está fazendo que a demanda de crédito não seja esperada. Um exemplo é a linha de crédito para pagar a folha de salários. Avaliamos que temos 4 mil clientes que podem se credenciar a essa linha. Até agora, a demanda está em torno de 30%. Tem uma questão que independente do banco, que é o fato de a linha ter recursos do Tesouro Nacional, por isso, existe uma exigência constitucional de que os recursos só possam ser emprestados para empresas com pagamentos em dia ao INSS. As empresas precisam ter Certidão Negativa de Débito (CND). Fizemos uma pequena enquete com as empresas e muitas mencionaram essa dificuldade, é uma restrição. Outros empresários mencionaram que o fato de a linha de crédito exigir que não demitam pelos próximos dois meses, limita o acesso, pois alguns tem intenção de demitir. Podem solicitar a linha de crédito empresas com faturamento entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões no exercício de 2019. O juro é igual ao da Selic, de 3,75% ao ano, com seis meses de carência e 36 meses para pagar."
Concentração do crédito em grandes empresas
"No caso do banco, já na gestão anterior, fizemos a opção de diversificar a carteira entre pequenas, médias empresas e pessoas físicas. Não temos dominação de grandes empresas. O que tem acontecido é que para as grandes empresas do Rio Grande do Sul temos olhado com mais cuidado, pois entendemos que são importantes e não tínhamos na nossa carteira. Para as pequenas empresas é um momento muito complicado."
O papel do banco público
"Mais do que ser um banco público, o Banrisul é o banco do Rio Grande do Sul. O que faz diferença é que nosso destino está atrelado ao Estado. Se o Estado vai mal, nós vamos mal, se for bem, vamos bem. Agora, tem uma diferença de atuação entre os bancos federais, se comparamos a Caixa (Econômica Federal) com o Banco do Brasil. A Caixa é 100% da União, não tem capital aberto. A Caixa pode tomar decisões que o Banco do Brasil e nós, do Banrisul, que temos controle estatal com ações de mercado, não podemos. Nós somos o banco do Rio Grande do Sul, nossa missão é fazer a economia do Estado crescer."