A superstição é o último bastião do sagrado, quando a fé não se garante mas o pensamento mágico insiste. O 13 se destaca como mau augúrio, tanto que muitos países não registam o 13º andar. Por que este desconforto com o 13? A resposta passa por lembrar o antigo sistema numérico mesopotâmico.
Ao contrário de nós, que adotamos o sistema decimal, os babilônicos usavam o duodecimal. Temos eco dele até hoje, na dúzia e na grosa - o conjunto de doze unidades de doze números.
A nossa escolha é antropocêntrica. Afinal, temos dez dedos e os usamos para contar. É comum tirarmos números do corpo, lembrem das polegadas, pés e braças.
Os babilônicos também contavam com as mãos. Colocavam o polegar sobre uma falange do mindinho para o um, na seguinte para o dois, na última para o três. Então repetia nos próximos dedos até chegar na última falange do indicador. Quatro dedos vezes três falanges temos doze unidades. E aqui o pulo do gato, quando chegavam no doze, marcavam esta dúzia na outra mão, usando o mesmo sistema. Então recomeçavam a contar nas falanges da primeira mão. Ou seja, a primeira mão marcava as unidades, a segunda as docenas (ou dúzias). Conseguiam registrar nos dedos 12 vezes 12 que é igual a 144. Convenhamos, um jeito de contar nos dedos mais inteligente.
Nos relógios e ângulos nós usamos uma gambiarra do sistema duodecimal com números decimais. Não fosse assim, mesmo em cálculos simples, encontramos dízimas periódicas (exemplo, 10 dividido por 3 é igual a 3,333…). O dez só se divide inteiro por dois e cinco. O doze divide-se por dois, três, quatro e seis, por isto ele é mais prático no cotidiano.
Abandonado, embora superior, o sistema duodecimal segue no subterrâneo do nosso imaginário, lembrem dos doze meses, doze signos do zodíaco, doze apóstolos, do dia dividido em duas partes de doze horas. Portanto, o azar do número 13 se dá porque quando ele chega estragaria a harmonia e mística do doze, o número perfeito para os babilônios.
Um comentário à parte, o que é estabelecido - no caso o sistema decimal - não necessariamente é o melhor. O sistema que usamos, que nos parece natural, foi uma escolha equivocada dos nossos antepassados.
No domingo passado elegemos o 13, isto nos trará azar? Depende, para os babilônicos - por iniciar um novo ciclo - ele também significava recomeço, renascimento. Para o bem do Brasil, que assim seja!