O Delfín é conhecido no Equador como "Los Cetáceos". Mas é também o time do Rei do Frango. Explicamos: o primeiro apelido, por óbvio, está ligado ao nome de batismo do clube. Isso porque o Delfín, fundado em 1989, tem endereço em Manta, à beira do Pacífico, no centro-sul litorâneo do país. A cidade tem um dos principais portos nacionais. Recebe navios de carga, pesqueiros e cruzeiros, que param ali na sua costa para desfrutar do cenário de praia e também de floresta nas montanhas próximas. Bom, essa é a origem da alcunha marítima.
O outro vem da fortuna do seu presidente. O economista José Delgado, 57 anos, se tornou um empresário respeitado na região ao criar uma franquia, a La Esquina de Ales. Hoje, são mais de 150 lojas espalhadas vendendo "o melhor frango assado na brasa do Equador".
Delgado cresceu em família humilde. Apaixonado por futebol, ajudava no bar do Estádio Jocay — palco da partida contra o Inter, nesta quinta-feira (25) — para ganhar uns trocados e, de lambuja, assistir aos jogos do Delfín sem pagar ingresso. No começo da última década, ele voltou ao clube, mas como presidente. A equipe havia sido rebaixada à terceira divisão. Em 2015, estava outra vez na elite. Em 2017, ganhou o Apertura, com goleada de 4 a 1 sobre a LDU. O título nacional, no fim do ano, foi perdido na final com o Emelec, mas o time estava entre os grandes do continente na Libertadores, e isso era tudo.
Desde lá, o Delfín figura nas competições da Conmebol. Em 2020, na terceira participação, avançou às oitavas da Libertadores, ao vencer o Olimpia e deixar de fora o Defensa y Justicia. O grupo ainda tinha o Santos, que avançou como primeiro, com 16 pontos.
Os dias atuais do clube estão longe de serem os melhores. Em 12 jogos no ano, venceu apenas três (um deles contra o Tomayapo). Na Liga Pro, o "Equatorianão", está em penúltimo, com uma vitória em nove jogos. O outro êxito foi o 5 a 2 no Cuenca, pela Pré-Sula.
O técnico argentino Guillermo Duró já definiu que jogará tudo na competição continental. O comandante assumiu o clube em agosto de 2022. Sua carreira começou no Equador, no Deportivo Cuenca, em 2008. Na Argentina, trabalhou apenas em equipes da Segunda Divisão.
O Delfín, por influência do técnico, tem uma legião argentina. O time base conta com seis: Gariglio e Elordi, laterais; Goitea, zagueiro; Cristian García, volante; Gaggi, meia; e Tijanovich, centroavante. Há dois meses, Miller Bolaños, ex-Grêmio, esteve próximo do Delfín. Havia rescindido com o Emelec por problemas extracampo. O negócio acabou não saindo.
O nome mais conhecido do Delfín é o atacante José Angulo. Talvez você não lembre, mas ele foi a revelação da Libertadores em 2016, no vice do Del Valle, em que deixou pelo caminho River Plate e Boca Juniors. Acabou vendido ao Granada por 4,5 milhões de euros. À época, a contratação mais cara do clube.
Quando estava prestes a estrear na Espanha, Angulo teve resultado positivo para cocaína em exame feito na Libertadores. Acabou devolvido ao Del Valle e suspenso por quatro anos. No período em que esteve fora do futebol, chegou a trabalhar como motoboy do KFC, patrocinador do clube e famoso pelos frangos fritos. Ou seja, concorrente do presidente do Delfín. Aliás, nos últimos jogos, Angulo ficou de fora, por lesão. Mas estará em campo contra o Inter.