Há dois pontos a serem observados no empate do Grêmio no Castelão. O primeiro é que mantém o clube firme no G-4, e isso precisa ser muito valorizado. O segundo é que, ao arrancar o 1 a 1 contra os reservas do Fortaleza, dá um choque de realidade no torcedor e mostra que alcançar o Botafogo na corrida pelo título terá contornos de epopeia.
O jogo de sábado (30), no Ceará, mostrou que o Grêmio ainda é uma equipe com formação em curso, fruto de uma reconstrução iniciada em janeiro e para a qual chegaram quase duas dezenas de jogadores. Renato tem razão ao reivindicar o reconhemento pelo lugar quase cativo no G-4. Assim como também tem razão ao apontar a veia ofensiva dos seus times. São 40 gols no Brasileirão, o melhor ataque do campeonato.
Isso é mérito do seu trabalho, fruto da sua convicção em jogar para a frente. Porém, Renato derrapa ao justificar a fragilidade defensiva deste seu Grêmio, salientando que seria mais fácil colocar dois jogadores de marcação no lugar de dois de ataque. Isso é simplificação. Dá para se defender mais e bem melhor mesmo com mais nomes de características ofensivas.
O problema aqui não é numérico, mas qualitativo. Para ser mais preciso, de características. Não será com Cristaldo e Nathan no meio que o Grêmio se defenderá melhor. Faça a conta. Suárez não tem essa característica – nem deve, sua função é fazer gols, como no sábado, quando salvou o time.
João Pedro Galvão não passou de meia para centroavante na Europa de graça. Avançou no campo justamente por falta de atributos para colaborar na fase defensiva. Como Nathan e Cristaldo, no máximo, cercam, o Grêmio se defende, efetivamente, com seis, mais o goleiro. Esse cenário mostra que este Grêmio ainda é um processo em curso, que acoplará novas peças em 2024 para ficar mais robusto e sustentar sem prejuízos defensivos esse jogo ofensivo de Renato.
A falta de intensidade na marcação pelo Grêmio explicou a avalanche do Fortaleza no primeiro tempo e a superioridade em boa parte do segundo. Estamos falando, é bom lembrar, do time reserva dos cearenses. Renato fez o que pôde. Mudou o time ainda no primeiro tempo, recorreu a Galdino, uma espécie de novo Thaciano, e fechou o lado com dobra de laterais.
Porém, o Fortaleza deixou uma lição, pela montagem de um grupo equilibrado. Não há craques, é verdade, mas sobram peças que sustentam a ideia projetada pelo seu técnico, de intensidade com a bola e compactação sem ela. Aliás, aqui, palmas para Juan Pablo Vojvoda. Quando reservas e titulares jogam na mesma direção, ali estão o trabalho e o suor do técnico, além de uma ideia clara na formação do grupo.