Para quem está aí no Brasil, mando um aviso: a Argentina chegou. E chegou forte. Depois do tropeço na estreia contra a Arábia, do jogo de tensão contra o México, os hermanos mostraram sua força contra a Polônia. Foi 2 a 0. Poderia ter sido quatro, cinco. Sobrou futebol, teve Messi em sua plenitude, processo coletivo azeitado e, o mais impressionante, uma sucursal do Monumental de Núñez em plena Baía de Doha. Os argentinos tomaram conta do 974 Stadium, pularam, cantaram e fizeram estremecer os contêineres que formam um dos estádios mais espetaculares de todas as Copas.
A Polônia, é bom que se diga também, é um time que tem começo e fim. Falta todo o recheio do meio. Há um grande goleiro, Szczesny, e um senhor centrovante, Lewandowski. Entre eles, um imenso vazio. O que faz o técnico Czeslaw Michniewcz (tente pronunciar, boa sorte) colocar todo mundo arregimentado na frente do goleiro e rezar para o Papa João Paulo II olhar pelos poloneses lá do céu. Chega a dar pena de ver Lewandowski jogando. A bola é sempre nele. Mas ele está sempre sozinho, com três ou quatro marcadores bafejando no cangote dele.
Messi, por sua vez, conta com um time inteiro ao seu redor. Scaloni montou uma equipe para seu craque. Há uma defesa forte, com laterais agudos, um Enzo Fernández carteando o jogo como primeiro volante, um De Paul que lembra um Simeone no auge e Di María jogando pelos atalhos. Messi fica ali, sorrateiro, a poucos metros da meia-lua. Ele observa o jogo e vai se posicionando para receber. Sabe que a bola irá nele. Quando ela chega, parte para cima driblando em zigue-zague. Os poloneses, cinco, seis, no mínimo, entram em pânico.
Foi uma senhora noite argentina no 974 Stadium. Com ambiente de estádio argentino e qualidade de futebol argentino. Agora, virá a Austrália nas oitavas. Para quem estava na contramão vendo pela frente o farol alto da França, podemos dizer que essa guinada na Copa abriu o horizonte dos hermanos.