Tudo passará pelo Gre-Nal de quarta-feira (23), na Arena. A informação corrente nos bastidores do Beira-Rio é de que só uma vitória consistente, com atuação no padrão daquela do clássico do dia 9, poderá manter o uruguaio Cacique Medina e evitar uma mudança profunda no futebol do Inter.
A conta do técnico está pesada demais. Há eliminação para o Globo-RN na primeira fase da Copa do Brasil, o tombo de 3 a 0 no Gre-Nal e uma demora para que o time apresente sinais mais evidentes de evolução. Prestes a completar dois meses desde a estreia, o Inter de Medina é um time que finaliza muito pouco a gol (média de 4,83 no Gauchão) e, como consequência, faz poucos gols. Na temporada, são 13 em 13 jogos. Em apenas três jogos fez dois gols, nas vitórias sobre Juventude e União-FW e na derrota para o São José.
O contexto colorado inteiro sabe que sair da Arena com uma vitória por três gols é algo muito remoto. Quase miragem. Afinal, estamos falando de uma equipe que não fez três gols ainda neste ano. Aliás, não faz há muito tempo. A última vez foi no 3 a 1 sobre o América-MG, em outubro.
Porém, a salvação de Medina nem está nesse milagre. Mas em outro, de menor tamanho: fazer seu Inter jogar como no clássico do dia 9 e sair da Arena com parte do orgulho colorado restabelecido. Fazendo isso, ganha sobrevida e 15 dias para treinar, integrar novos jogadores e fazer as mexidas necessárias no grupo.
Essa, aliás, é uma corda, já fina, que ainda segura o técnico. A direção reconhece a vagareza na mudança de fotografia do grupo. Alguns jogadores fora dos planos seguem ainda no clube. Falhou o Inter ao não mexer de forma mais rápida na raiz do vestiário.
O time de sábado (19) contava apenas com Cuesta e Edenilson como remanescentes daquela espinha dorsal que vem junto desde 2017. Porém, o zagueiro faz uma temporada comprometedora e o volante tem características fora do encaixe da ideia do técnico trazido para mudar a forma de jogar do time. Ambos são figuras proeminentes no grupo, com voz forte, assim como é Rodrigo Dourado, que virou reserva.
Mesmo que só agora tenham chegado um lateral-direito e um extrema e faltam mais peças, essa demora não justifica a demora para que o Inter de Medina engrene. Há ausência de soluções, mesmo que paliativas, que façam o time ser mais agressivo. Assim como faltam mecanismos de marcação para evitar contra-ataques dos adversários. Esses mecanismos são itens básicos de sobrevivência para quem joga com as linhas tão altas.
Enfim, Medina tem menos de 72 horas para tirar da cartola soluções imediatas. A direção torce para que elas apareçam na Arena. Até porque, se elas não aparecerem, não escapará de uma revisão no projeto e de mais contestações da torcida e de conselheiros. O ambiente político ferve. No dia 29, o Conselho Deliberativo marcou reunião extraordinária. A pauta é única pauta: o futebol do clube.