Nesta semana de Gre-Nal, vale a pena resgatar duas histórias saborosas de um clássico que aconteceu no último domingo (4) e que para um país. Me refiro ao uruguaio Nacional x Peñarol. O confronto de três dias atrás, no Parque Central, acabou com vitória do Nacional, por 2 a 0.
O "Clássico do futebol uruguaio" ou "El Superclássico" é o mais antigo dérbi do continente. Foi disputado pela primeira vez em 1900, quando o Peñarol era chamado Central Uruguay Railway Cricket Club (Currc). Só em 1913 ele passou a ter o batismo atual. Aliás, até isso foi tempero para o jogo de domingo. Antes da partida, o Nacional entregou ao rival uma placa comemorativa à volta, depois de 92 anos, do jogo ao Parque Central, estádio histórico e que foi o primeiro estádio a receber jogo de uma Copa do Mundo, em 1930.
Só que a gentileza tinha uma sutileza que irritou os carboneros. Ali, o Nacional felicita o rival por voltar ao seu estádio para disputar o clássico de número 38. Ignorou, assim, o período em que o Peñarol era Currc. Mas isso foi só uma pimenta leve no que viria a seguir e que vou contar agora. Não sem antes lembrar que, no dia 15, os dois voltam a se cruzar, pelas oitavas da Copa Sul-Americana.
O clássico do avião
Lembram-se daqueles movimentos de bastidores, ações feitas em sigilo e surpresas de última hora que temperavam o Gre-Nal até alguns anos? Pois o Nacional fez uma dessas para o clássico de domingo. Em sigilo, o clube colocou em ação um plano para buscar, em um jatinho particular, seus três jogadores da seleção uruguaia ainda no sábado, caso a Celeste caísse na Copa América para a Colômbia. Foi um plano tão secreto que o técnico do Nacional só soube na sexta-feira.
Quando Vina errou o pênalti que eliminou a seleção no Mané Garrincha, o clube enviou solicitação à AUF para que o goleiro Rochet, o atacante Ocampo e o lateral-esquerdo Camilo Cândido voltassem imediatamente. Assim foi feito. Por volta da meia-noite, os três embarcaram em Brasília.
O Peñarol, quando se deu conta da operação, tentou que seu craque, Facundo Torres, e o lateral-direito Giovanni González pegassem uma carona. Claro que a resposta foi negativa. Assim, correu contra o tempo e só conseguiu embarcar seus dois jogadores às 7h30min. A essa hora, o trio do Nacional já dormia na concentração em Montevidéu.
González e Torres chegaram faltando três horas para o jogo e começaram no banco. Cândido e Ocampo foram titulares e os autores dos gols no 2 a 0. Para completar, Rochet fez defesas importantes. Por isso, o confronto de domingo entrou para a história como o "O clássico do avião".
Troca de camisas
Essa história foi contada pelo Ovación, suplemento esportivo do El País nesta quarta-feira e envolve D'Alessandro e até o Inter. A origem dela foi um áudio de WhatsApp de Facundo Torres que acabou vazado. Segundo a nova joia uruguaia, em uma disputa de jogo, D'Alessandro teria feito falta e, ao se dirigir a ele, teria sugerido uma troca de camisa: "Guacho, me dá tua camiseta que ela vai valer ouro". Na sua versão, o atacante uruguaio teria aceitado. Ao final do jogo, Torres foi entregar a camiseta para D'Ale, que, em ato de gentileza, começou a tirar a sua para dar em troca. Os dois teriam travado o seguinte diálogo:
– Não, eu não quero tua camiseta. A do Nacional, eu não quero – avisou Torres.
– Não. Como não quer se é a minha camiseta? – retrucou D'Ale.
– Depois, se quiseres, me manda uma do Inter. A do Nacional, não quero, não aceito.
– Tá, se não aceita a minha camiseta, eu não aceito a tua – encerrou D'Ale.
Depois disso, cada um foi para o seu lado. E o clássico mais velho do continente ganhou mais um capítulo de rivalidade. Na próxima semana, tem mais, pela Sul-Americana.