O mundo dá voltas. E numa velocidade alucinante. O Barcelona que o diga. O clube abriu comemorando o relatório da consultoria inglesa Deloitte que o colocava como dono do maior faturamento do futebol mundial na temporada 2018/2019, 840 milhões de euros.
Assim, os catalães brindavam o fato de serem os mais ricos do mundo, com 83 milhões de euros a mais em seu balanço do que o Real Madrid, o eterno rival. As projeções apontavam para a casa do bilhão os números da temporada atual. Só que veio a covid-19. E sua força fez com que o Barça passasse, assim como a dupla Gre-Nal, a fazer contas.
Quem fatura mais, claro, perde mais em uma situação de guerra como a que vivemos hoje. As contas no Camp Nou são de perdas de 130 milhões de euros caso a Liga dos Campeões e o Campeonato Espanhol sejam encerrados antes do final. Essa cifra seria acrescida de 48 milhões de euros por perdas de receitas geradas pelo estádio, como bilheteria e museu, e mais 84 milhões em direitos de televisionamento por jogos não realizados.
O aperto no cinto chegou aos jogadores, numa negociação que não foi bem digerida pelos astros. Messi e Suárez reclamaram publicamente da divulgação antecipada feita pelo clube dos cortes de 70% nos vencimentos e entenderam essa decisão como pressão para que topassem a redução nos ganhos. A folha mensal, no período sem jogos, baixou de 20 milhões de euros para 6 milhões de euros.
O que é apenas um paliativo diante do tamanho das perdas poderão vir caso se alongue demais a quarentena — o que acontecerá, para o bem da saúde pública. O desequilíbrio financeiro provocado pelo coronavírus forçou o adiamento de planos do clube para a reforma do Camp Nou.
O projeto de modernização estava pronto e custaria 420 milhões de euros, que seriam quitados ao longo dos anos. Agora, o estádio terá de esperar. Não há previsão para que o projeto saia da gaveta. Embora o presidente Josep Bartomeu aposte numa recuperação rápida das finanças, pelo gigantismo da instituição, ousar em uma reforma desse tamanho perdeu o sentido diante do abalo financeiro provocado pelo vírus.