Há todo tipo de lixo descartado de forma errada no litoral gaúcho, mas um deles chama a atenção pelo impacto ambiental: os canudos de plástico. Eles estão em toda parte.
É uma epidemia, se é que se pode definir assim a falta de consciência de quem não vê problemas em deixar o resíduo na areia ou no calçadão antes de ir embora como se houvesse "planeta B".
Em Torres, onde um estudo recente realizado por pesquisadores da PUCRS detectou uma média de 650 partículas de microplástico por quilo de areia, os canudos viraram praga, porque a maioria não tem destinação correta e, além de tudo, há legislação municipal proibindo.
No último final de semana, em apenas 20 minutos de caminhada, Alexis Sanson, coordenador do projeto Praia Limpa Torres, coletou dezenas deles. Se ele (ou qualquer um de nós) ficasse um dia inteiro ou mais catando canudos na beira-mar — não só lá, mas em qualquer praia movimentada do litoral gaúcho — seriam centenas, milhares.
Detalhe: em Torres, como em outros municípios do RS, o fornecimento do item plástico é vedado (na cidade, a norma é de 2018 e está vigente desde 2021). Vale para hotéis, restaurantes, bares e quiosques, entre outros estabelecimentos comerciais. Letra morta. Quem cumpre a regra (parabéns, se você for um desses empreendedores) é exceção.
— Precisamos repensar a necessidade de utilizar esse item. São cinco minutos de uso e 200 anos para ele se decompor, contaminando nossas praias e ameaçando a fauna marinha. Em Torres, a lei anti-canudos de plástico está vigente há quatro anos, sem a devida regulamentação e fiscalização pelos órgãos competentes. Algo está muito errado e já estamos pagando o preço — desabafa Alexis.
É falta de educação, de compreensão da crise ambiental e de respeito com as gerações futuras. Se tem lei, ela precisa ser cumprida. E mais: os canudos deixados para trás de forma irresponsável só poderiam ter um destino: a reciclagem.