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A menos de dois meses da inauguração do Teatro Simões Lopes Neto — a obra mais esperada do Multipalco do Theatro São Pedro, em Porto Alegre —, começam os preparativos para uma superprodução. Não é pouco: a ópera Turandot, de Giacomo Puccini, envolverá 200 pessoas, entre músicos, cantores, atores, bailarinos e equipes técnicas, além de cenários grandiosos, figurinos e caracterizações impactantes e uma imensa operação nos bastidores.
Nada mais justo para marcar a abertura da nova casa, que selará, também, a conclusão do projeto iniciado em 2003 por Eva Sopher. O desfecho será possível graças a um investimento final de mais de R$ 25 milhões do governo de Eduardo Leite, imprescindível para a conclusão da obra. O espaço terá o formato de "teatro italiano", com estrutura retangular e frontal, como o palco principal do São Pedro.
No "final feliz" dessa história que se prolonga por mais de duas décadas, o espetáculo previsto promete fazer jus ao momento de celebração.
O desafio está nas mãos dos artistas da Companhia de Ópera do Rio Grande do Sul (Cors) e da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa).
Serão 60 músicos no fosso do teatro, que terá capacidade para 650 espectadores, e onze cantores solistas (escolhidos a dedo) se revezando no palco, além de atores e bailarinos. A ocasião também marcará a estreia do Coro Lírico da Cors, com 45 vozes.
Com concepção e direção cênica de Flávio Leite, o espetáculo terá regência do maestro argentino Carlos Vieu, convidado especialmente para a ocasião, com a chancela de Manfredo Schmiedt, diretor artístico da Ospa.
— Será uma honra, ainda mais com a grandiosidade visual e sonora de Turandot, que tem um enredo situado originalmente na China Imperial e se assemelha a uma fábula fantástica. Vamos fazer história, usando toda a estrutura do Multipalco e, principalmente, do novo teatro, concebido para grandes produções. Estamos radiantes — diz Leite.
À frente da Secretaria da Cultura, responsável pela realização da ópera (100% financiada pela pasta), Beatriz Araujo destaca o significado do evento para a cena cultural.
— A escolha dessa grande montagem simboliza de forma muito pertinente a nova era que se inicia com a inauguração do Teatro Simões Lopes Neto e com a entrega definitiva do Multipalco, um legado histórico inquestionável para a cultura do Estado e do país — diz Bia, adiantando que, entre 2025 e 2027, a secretaria já tem planejamento para manter produções operísticas com aportes inéditos.
Ópera em três atos
Turandot é uma ópera que se passa na China. Ela foi escrita pelo compositor italiano Giacomo Puccini, um dos mais importantes do gênero, no fim da vida — ele morreu antes de terminá-la, e a missão coube ao seu aluno Franco Alfano.
A saga narra a trajetória da princesa chinesa (chamada Turandot) que, em memória de uma de suas ancestrais, morta por um estrangeiro, impõe três enigmas a todos os pretendentes de fora que a procuram para se casar.
Incapazes de resolvê-los, eles são decapitados, até que um deles, Calaf, é bem-sucedido. Ele, então, inverte o jogo: se ela descobrir o nome dele, estará liberada do compromisso, e ele, então, perderá a vida.
Turandot e Calaf têm de enfrentar e vencer os traumas para viver sua paixão. Ela acaba se entregando, não ao suposto dominador, mas ao amor. Ele conta o segredo de seu nome e coloca sua vida nas mãos dela. O centro nervoso da ópera é esse dilema que leva ao amor livre de barreiras.
Impacto artístico
![Vinícius Angeli / Divulgação Vinícius Angeli / Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/3/2/4/3/5/1/5_f5ef7334797e36b/5153423_d957c2fd223b370.jpg?w=700)
Além de árias aclamadas como a mundialmente famosa Nessun dorma, cantada por tenor, são os grandes números corais e importância da orquestra que impactam pela sonoridade pujante e pela presença de um grande número de artistas em cena.
A montagem baseia-se sobre três alicerces: o mundo fantástico da fábula oriental antiga, a relação dos traumas familiares geracionais e a redenção e vitória através da liberação dos caminhos do amor.
O maestro
![Fede Kaplun / Divulgação Fede Kaplun / Divulgação](https://www.rbsdirect.com.br/filestore/8/6/5/3/5/1/5_37f29779c08b817/5153568_506152ae0ce8338.jpg?w=700)
Grande conhecedor de Puccini, o maestro argentino Carlos Vieu é um convidado mais do que especial para a estreia.
— Ele regeu a última apresentação de Turandot em Buenos Aires e ficou muito feliz com o convite. Inclusive cancelou compromissos que tinha para poder estar conosco. Sabe a importância do momento e reconhece, como todos nós, a importância de inaugurar um teatro. É algo para a vida — diz Flávio Leite.
Discípulo de Guillermo Scarabino, Vieu estreou como diretor de ópera em 1992, destacando-se por seu trabalho nas temporadas do Teatro Colón e do Teatro Argentino de La Plata e com a Buenos Aires Lírica.
Ele liderou as principais orquestras da América do Sul e grupos internacionais de prestígio.
Desde 2002 é regente convidado permanente da Orquestra Sinfônica Nacional Argentina e, em 2008, foi nomeado Chefe da Orquestra Estável do Teatro Colón. Desde 2014 é regente convidado da Silicon Valley Symphony (EUA).
Serviço
A ópera Turandot terá apresentação para convidados no dia 28 de março. De 29 a 31 será aberta ao público, com ingressos disponíveis no site do Theatro São Pedro. As vendas ainda não começaram, mas é bom ficar atento, porque a tendência é de que se esgotem num piscar de olhos.
O Teatro Simões Lopes Neto será inaugurado no Multipalco Eva Sopher, que fica no subsolo da área do Theatro São Pedro, com acesso ao lado do histórico prédio, junto à Praça da Matriz, em Porto Alegre.
Ficha técnica
- Concepção e direção cênica: Flávio Leite
- Direção musical e regência: Carlos Vieu
- Regência do Coro Lírico da Cors: Sérgio Sisto
- Coreografia: Carlota Albuquerque
- Cenários: Yara Balboni
- Figurinos: Daniel Lion
- Iluminação e videografia: Ricardo Vivian
- A ópera é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura
Os solistas
- Turandot: será interpretada por Eiko Senda e Marly Montini, de forma intercalada
- Calaf: Enrique Bravo e Giovanni Marquezelli
- Liù: Gabriella Pace e Rosimari Oliveira
- Timur: Daniel Germano
- Ping: Homero Velho
- Pang: Felipe Bertol
- Pong: Matias Herrera
- Imperatore: Adolfo Amaral
- Mandarino: Roberto Moreira