Vem de berço. Emily Borghetti, filha de Cadica Costa e Borghettinho, dança desde menina. A estreia foi aos três anos. Aos 14, a guria já era professora na escola de bailado da mãe, em Porto Alegre. Agora, aos 34 anos, ela está prestes a inaugurar um novo momento na carreira: seu primeiro show solo. E Emily não brinca em serviço.
Marcado para os dias 25, 26 e 27 de julho, às 20h, no Teatro CHC Santa Casa, na Capital, o espetáculo foi pensado para romper paradigmas. Como? Emily decidiu adentrar o território masculino e dançar a chula. Sim, o tradicional sapateado que, nas invernadas dos CTGs, nos festivais e rodeios, é "coisa de macho".
A ideia surgiu a partir de uma apresentação com o grupo Líricas Sulinas, na qual um dos números envolvia o estilo. Uma pessoa na plateia fez um vídeo da performance e postou nas redes sociais. Choveram comentários, mais ou menos assim:
"Tá tudo perdido... kkkkk."
"Interessante ver uma mulher dançando bem a chula."
"Chula é dança para homens."
"Sou tradicionalista e não sou machista, porém a chula foi criada para os peões dançarem para as prendas valseios e sarandeios."
Será? Ao ser chamada a dar aulas para mulheres nos centros de tradição, Emily percebeu que muitas delas queriam aprender a sapatear como os homens. Não era questão de competição nem afronta. Era um desejo de ir além, de se divertir, de desenvolver novas habilidades. Por que não?
— Esse pensamento resume muito sobre por que eu quis fazer esse show. A chula, neste espetáculo solo, significa muitas coisas. Uma delas é a gente poder fazer as coisas que quer fazer — conclui a bailarina.
O espetáculo
Batizado de "Chula" (não poderia ser diferente), o primeiro show solo de Emily terá o acompanhamento luxuoso do violonista Neuro Junior (sete cordas) e da pianista Dionara Schneider, com direção cênica de Silvia Canarim e musical de Guilherme Ceron.
A ideia, segundo Emily, é mostrar a dança também como música, criando, junto aos instrumentos, as melodias e os ritmos que passeiam por milongas, chacareras, bugios e rancheiras.
O jogo de improviso e as brincadeiras serão o fio condutor da apresentação, que trará, ainda, referências à lenda de M’Boitatá. Mítico personagem folclórico brasileiro (e gaúcho, nos escritos de Simoões Lopes Neto), a cobra de fogo será uma alegoria para indicar um caminho de transformações constantes e necessárias.
— As coisas mudam. Tradição é sobre trazer, não sobre destino. Este é um movimento necessário. Meu pai e minha mãe sempre foram transgressores. A música instrumental gaúcha já entendeu o caminho do hibridismo. Agora é a vez da dança — destaca Emily.
Serviço
- O quê: "Chula", primeiro espetáculo solo de Emily Borghetti
- Quando: dias 25, 26 e 27 de julho, às 20h
- Onde: no Teatro CHC Santa Casa, dentro do projeto Novas Montagens CHC.
- Ingressos: à venda pelo Sympla (clique aqui) e no local.
- Para saber mais: siga @emilyborghetti no Instagram.