A maioria dos fãs de futebol que conheço torce pelo atacante. O camisa 10, o goleador implacável, o centroavante que deixa os adversários zonzos, o atleta que chama a bola e que está sempre lá, na cara do gol. Pois eu torço mesmo é pelos goleiros. Ainda mais, quando fazem golaço.
Martha Medeiros, minha escritora preferida, também já registrou esse gosto, digamos, "exótico". Dia desses, contei aqui que tive uma experiência (rápida, humilhante e desastrosa) como defensora de um time de futebol feminino. Levei 12 gols em uma partida e, bem, pendurei as luvas. Mas sigo torcendo por eles. Sempre. Não importa o time.
Me compadeço ao ver aqueles homens e mulheres plantados embaixo da trave, gritando, gesticulando, se jogando no chão, sendo xingados e - quando a coisa aperta mesmo - tendo de salvar o time.
O que mais gosto é de ver um goleiro aumentando o placar. Seja como for: de falta, de pênalti, de escanteio ou naqueles momentos dramáticos, nos últimos segundos da prorrogação, quando, no desespero, até o arqueiro vira atacante.
Já vou dizendo que não sou colorada. É de família: torço pelo Grêmio na alegria e na tristeza, na saúde e na doença - e até nos vexames. Mesmo não sendo torcedora do Inter, vibrei com ele - o nome do jogo - na vitória avassaladora da noite da última terça-feira (8), contra o temível River no Beira-Rio: Sergio Rochet.
O goleiro de 30 anos, titular da seleção do Uruguai, chegou faz pouco ao clube gaúcho - em julho - e já incendiou a torcida, dando inveja na gremistada. Foi ele o autor do gol de pênalti que confirmou a classificação do Inter para as quartas de final da Libertadores, depois de chamar a responsabilidade para si (tem de ter coragem).
— Tomei uma decisão. Achei que deveria tomar a decisão — disse o atleta à imprensa, logo após o feito.
Isso que é craque.