Falta pouco. A pandemia finalmente parece estar mais próxima do fim, mas ainda não acabou. Os mais vulneráveis, no momento, são as nossas crianças - a faixa da população cuja vacinação mal começou.
Em decisão recente, o governador Eduardo Leite desobrigou os mais novos (de seis a 11 anos) do uso de máscaras. A resolução causou polêmica, como quase tudo envolvendo o coronavírus, nesses dois anos de suplício. Dividiu pais e professores, virou alvo de ação judicial e recebeu críticas de especialistas.
Infectologista do Hospital de Clínicas e Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, o professor Alexandre Zavascki, da Faculdade de Medicina da UFRGS, concluiu que o governo gaúcho “criou uma celeuma totalmente desnecessária”. Virologista da Feevale e coordenador da Rede Corona-ômica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Fernando Spilki complementou, também nas redes sociais: “É bem chato repetir, mas o seu cansaço não encerra a pandemia.”
A verdade é que ninguém aguenta mais. Muito menos meninos e meninas que tiveram parte da infância roubada pelo vírus - apartados do convívio de colegas e, agora, alçados ao centro de mais um embate.
Quem tem filhos, netos, sobrinhos ou afilhados sabe: não é fácil fazer uma criança permanecer com o rosto coberto pelo acessório de proteção e do jeito certo (sobre a boca e o nariz). É difícil e aborrecido, ainda mais nos dias quentes e na sala de aula, onde a comunicação é vital, e a máscara, um empecilho. Mas, independentemente da decisão de Leite e dos rumos que o decreto pode tomar, a pergunta a ser feita agora é uma só: na reta final da pandemia, vale a pena correr o risco?