
Ninguém sabe o que se passa na cabeça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Está clara a intenção de mudar o comércio mundial, fazer as indústrias levarem sua produção para o país e afastar os chineses do posto norte-americano de maior economia do mundo. Mas a camada abaixo disso é uma incógnita. Há espaço para negociar as tarifas? Segundo ele, não, enquanto não diminuir o déficit comercial (importar mais do que exportar) com alguns países, principalmente os da Europa e, claro, a China.
Mas o que poderia parar Trump? Inflação, juro alto e recessão. A Casa Branca está contando que os norte-americanos vão segurar as pontas e que essa situação não perdurará. Será? Taxar importações em um país que compra muito do Exterior tende a elevar preços ao seu consumidor. Proteger a indústria local pode abrir espaço para que elas aumentem preço, como ocorreu em um mandato anterior de Trump com o caso emblemático das máquinas de lavar. Se tiver inflação, terá aumento de juro, o que traz risco de recessão. Trump, inclusive, foi eleito em boa parte pelo descontentamento com o aumento do custo de vida iniciado na pandemia.
Com o tarifaço, o Laboratório de Orçamento da Universidade de Yale projetou para os Estados Unidos em 2025:
- Aumento de preços de 2,3%
- Redução entre 0,9 ponto percentual no PIB
- Perda de US$ 3,8 mil para as famílias americanas
Reação das empresas
Trump tem forte apoio do setor empresarial, mas as companhias dos Estados Unidos, porém, se dividem quanto ao tarifaço. Algumas apoiam publicamente ou em silêncio, entendendo que o efeito no país será positivo. Outras temem impacto direto no seu negócio ou indiretamente pelo empobrecimento do consumidor norte-americano. Como é difícil ter certeza dos efeitos que são projetados, será conforme o andar da carruagem que estas empresas vão reforçar seus posicionamentos ou mudá-los, o que tranquilamente ocorre se o calo do sapato aperta. Caso os negócios piorem, a pressão empresarial sobre Trump também terá potencial de contê-lo.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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