
Segunda maior economia do mundo, a China é o centro do alvo do tarifaço dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, é o principal destino das exportações brasileiras e gaúchas. Como a guerra comercial atinge o país asiático foi pauta da entrevista do Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, com o especialista da rede Observa China e integrante da Associação de Empresas Brasileiras na China (Bracham), Vitor Domingues de Moura. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Como a tensão econômica se reflete aí na China?
A China não vai tolerar ser vista em uma posição de fraqueza. Ela tem uma capacidade muito forte e rápida de articulação das ferramentas à disposição do governo chinês. O país enxerga com apreensão o que está acontecendo, mas não existe um pânico. Houve tempo para se preparar, a China vai retaliar, mas também não está fechada a negociação.
E o Brasil nesta negociação?
Há um risco de China atender uma exigência de Trump para comprar mais commodities dos Estados Unidos. Cairia a parcela da participação brasileira nas compras chinesas. Mas há oportunidades. É momento de o Brasil se aproximar da China. O volume de empresas interessadas já aumentou bastante.
Como ficará o comércio mundial?
Um grande efeito será a descentralização das relações comerciais, que puxará outros atores para este tabuleiro. Haverá novas parcerias sem Estados Unidos e até sem China. Vemos a aceleração da União Europeia para implementar o acordo com o Mercosul, por exemplo.
E a concorrência chinesa dentro do Brasil?
Não tem como fugir deste risco à indústria nacional brasileira, embora a competição das chinesas não seja direcionada ao Brasil. A China tem o método de reduzir os custos ao máximo, otimizando produção. Há um alto nível de competitividade no mercado interno chinês. O capitalismo mais selvagem e feroz que já vi é aqui na China. A indústria brasileira pode se adequar e aprender a lidar com essa realidade.
O mercado chinês é o sonho de muitas empresas brasileiras. Como entrar?
O primeiro passo é vir à China e enxergar como funciona de um jeito próprio esse ambiente de negócios. É outro mundo. Para entender, tem que sentir na pele. E, como o Brasil, a China é um país grande, com regiões e indústrias muito diferentes. Temos recebido muitas empresas brasileiras interessadas em abrir operações aqui.
Existe trabalho escravo na China?
Não, isso não é uma realidade. Já visitei muitas fábricas aqui. Existe uma outra cultura de trabalho. O chinês trabalha mais horas. A divisão entre vida pessoal e profissional tem uma linha mais tênue. Mas está mudando, a nova geração busca um equilíbrio.
Colaborou Kyane Sutelo (kyane.sutelo@rdgaucha.com.br)
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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