
Além do peso direto no orçamento das famílias e na inflação, alimentos escolhidos pelo governo Lula para reduzir o imposto de importação têm efeito em cascata. O milho é ingrediente de vários outros produtos, de farinhas à ração de aves e suínos, ou seja, mexe no preço da carne e do ovo, que virou vilão. Outro exemplo são óleos e açúcar, insumos de diversos industrializados, além do tradicional bolo da dona de casa.
Carnes e café são alimentos sensíveis para o paladar brasileiro e não ficariam de fora, mas sobem pela alta dos preços no Exterior, o que gera dúvidas sobre o efeito prático de reduzir imposto de importação. Biscoito, massa e sardinha, também beneficiados, completam a cesta de compras.
O agro aceitará essa concorrência internacional? Não é por menos que o anúncio foi feito pelo vice-presidente Geraldo Alckmin com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Ambos têm trânsito entre os produtores e prometeram benefício do Plano Safra para cesta básica e acelerar inspeções sanitárias. Além disso, baratear matéria-prima garante apoio da indústria.
Para conter o abalo
O preço dos alimentos tem abalado a popularidade do presidente Lula. Ainda não saiu a inflação oficial do IBGE, mas o índice paralelo, calculado pela Fundação Getulio Vargas, apontou 1,18% em fevereiro, ou seja, um mês trouxe um terço da inflação que se espera para o ano inteiro. Teve alta forte da conta de luz, provocada pelo fim do bônus de Itaipu de janeiro, mas a energia segue uma dor de cabeça com as previsões de alta de consumo. Na sequência, teve pressão da alta da gasolina, com o reajuste do ICMS, e dos alimentos.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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