Independentemente se o motivo foi queda na popularidade do presidente Lula ou não, a expectativa é de que as medidas anunciadas pelo governo federal efetivamente baixem os preços dos alimentos. Os beneficiados serão carne, café, açúcar, milho, óleo de girassol, azeite, óleo de palma, sardinha, biscoito e massas. Para avaliar o impacto, o Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, ouviu o vice-presidente Institucional e Administrativo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Marcio Milan. Confira trechos abaixo e ouça a íntegra no final da coluna.
Já é possível dimensionar o impacto para o consumidor?
Importante observar o que levamos à reunião no Palácio do Planalto: que já tivemos baixas de preço. O arroz caiu 5%; o feijão, 7%; óleo de soja, 5%; açúcar manteve preço; café torrado subiu 8%; leite longa vida caiu 6%; e carne de dianteiro caiu 3% e de traseiro 6%. As medidas do governo podem contribuir para baixa de preço, mas não é imediata, é de médio prazo. Até porque o governo precisa editar as normativas e as empresas precisam analisar para, se for o caso, importar.

Nada no curto prazo?
Acho difícil. Mas ainda vou me debruçar sobre o anunciado. Tem pontos relevantes, como a discussão bastante transparente com produção, distribuição e supermercado. Os setores puderam manifestar sua visão. Agora, acho que algo com efeito imediato seria o custo do programa de alimentação do trabalhador, que impacta o preço dos alimentos. O governo se manifestou e nós apoiamos uma regulamentação dos vales de alimentação e refeição. Está em estudo no Banco Central. Outro ponto de efeito imediato é antecipar a isenção de impostos da cesta básica aprovada na reforma tributária no Congresso.
No anúncio, o vice-presidente Geraldo Alckmin apelou aos Estados para que isentem o ICMS da cesta básica também. Acha que avança?
É uma discussão, depende dos Estados, mas o governo federal se colocou à disposição. Se houver um esforço em conjunto com as empresas para mostrar que é benefício à população...
Acha que viriam medidas mais extremas, como limitar exportação para ter mais alimento no mercado interno?
Não. Acho que há um diálogo aberto para também não prejudicar a produção nacional. Em nenhum momento foi discutido isso. Pelo contrário. A discussão é abrir mercado para um preço melhor.
Como os preços sobem também no Exterior, a importação seria suficiente para provocar a concorrência esperada e baixar aqui?
Precisamos analisar para qualquer especulação. A inflação dos alimentos não é só aqui no Brasil mesmo. É no mundo inteiro, nos Estados Unidos, na Europa e assim por diante. Se for vantajosa, certamente os segmentos vão importar. Mas não é coisa de curto prazo.
E os vilões atuais, ovo e café, quando cairão de preço?
Olha, a perspectiva não é boa... No caso do ovo, o preço sempre sobe na época da Quaresma. Então, não baixa agora. Ao contrário, ainda deve ter algum ajuste. Café também. O governo quer que se importe café, mas o produto não tem sinalização de baixa no curto prazo no mundo.
Colaborou Kyane Sutelo
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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