Um dos produtos afetados pelo tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, será a carne bovina importada do Canadá e do México. O produto é in natura, diferente do vendido pelo Brasil, explica o coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da UFRGS, Júlio Barcellos. Nós — inclusive o frigorífico da Marfrig em Hulha Negra — enviamos carne industrializada, especialmente em lata, usada, por exemplo, para alimentação do exército norte-americano.
Quais seriam os reflexos aqui? Caso o Brasil também venha a ser tarifado, perderia muito a competitividade. Atualmente, vende de 150 mil a 200 mil toneladas destas carnes por ano aos Estados Unidos.
— E é um subproduto — não em qualidade nutricional, mas em sabor —, que dificilmente conseguiria se enviar a outro mercado — alerta o professor.
Porém, caso os Estados Unidos, nesta briga com mexicanos e canadenses, busquem outros fornecedores e flexibilizem as regras sanitárias para o Brasil, abre-se um mercado de 500 mil toneladas por ano para a carne in natura daqui. Isso representa 20% do total exportado.
— O produto seria redirecionado de outros países que pagam menos hoje do que os norte-americanos pagariam — completa.
O mercado interno seria preterido e aumentaria o preço para os brasileiros? Barcellos diz que não, pois ele é abastecido por frigoríficos que não têm interesse em exportar aos Estados Unidos, pelas exigências sanitárias e pela burocracia.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Maria Clara Centeno (maria.centeno@zerohora.com.br)
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