"Consumidor Verde" é um quadro semanal da coluna com informações para uma transição a um consumo mais sustentável. Sempre aos finais de semana, na coluna Acerto das (tuas) Contas, em Zero Hora e GZH.
Chamado de "infiltrado da Faria Lima", João Pacifico é CEO da Gaia Investimentos, uma empresa de aplicações financeiras em projetos de impacto positivo social e ambiental. No portfólio oferecido aos clientes, tem de moradia popular a assentamentos da agricultura familiar e agrofloresta. Em entrevista ao podcast Nossa Economia, de GZH, o executivo garantiu que o retorno financeiro é positivo, com o ganho de contribuir com boas causas da sociedade.
Como escolher e monitorar se os projetos cumprem os requisitos?
Não normalizamos não nos preocuparmos com o impacto do nosso investimento. A tabela de investimento no banco mostra só a expectativa de retorno e eventualmente de risco, mas não se aquilo está fomentando algo bom ou ruim. Há negócios que podem ganhar dinheiro desmatando, vendendo armas ou tabaco. É o que você quer? Nós investimos para ter, além de um retorno positivo, também um impacto social e ambiental positivo.
Nos dê exemplos do que investem.
Uma das áreas nas quais trabalhamos bastante é o financiamento a agricultura familiar que produz alimentos. Vamos atrás de cooperativas que tenham produtores que eventualmente não têm acesso a crédito. Quando você dá esse crédito, melhora a vida daquelas pessoas, que produzem o alimento que nós precisamos, muitas vezes com pouco ou sem agrotóxicos.
Como monitoram?
Mergulhamos para entender o quê e como aquela cooperativa faz. Fazemos diligências jurídica e financeira, visitamos os negócios e, depois, fazemos acompanhamento mensal com métricas.
Como evitam o marketing falso e o greenwashing ("lavagem verde")?
Essa mentira é uma grande preocupação. Mas, depois de tanto tempo, já conseguimos diferenciar e navegar bem nisso.
E realmente dão retorno financeiro para quem investe?
Sem dúvida. Temos uma Selic alta no Brasil e nossos investimentos estão próximos. Grande parte do que fazemos é isenta de Imposto de Renda, uma vantagem adicional. Também investimos em capital produtivo, que tem risco menor do que o especulativo, como criptomoedas. Além disso, é renda fixa, que se sabe o retorno. No ano passado, grande parte de fundos imobiliários e fiagros teve rentabilidade negativa, um fiasco.
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Qual rentabilidade vocês conseguem entregar?
Soltamos nesta semana uma nova operação de Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) que pagará 13%, sem Imposto de Renda. A pessoa receberá um pagamento mensal e, no final de quatro anos, terá todo o dinheiro e o rendimento. E fazendo bem, gerando comida, ajudando agricultores familiares de uma cooperativa que fatura R$ 1 bilhão por ano, a Cooperoeste, de Santa Catarina. Tem uma demanda de investidores querendo fazer o bem e ganhar dinheiro. É como ter duas camisetas para comprar. Uma é feita com trabalho análogo à escravidão ou infantil. A outra, com algodão orgânico e paga decentemente as pessoas. Você não pensa duas vezes.
Quem fiscaliza a Gaia?
A Gaia é uma securitizadora, fiscalizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Fundei a empresa há 16 anos, já emitimos R$ 20 bilhões. Por um tempo, fizemos investimentos convencionais até que entendemos que poderíamos usar esse instrumento para causar impacto positivo. Então, migramos 100%.
Como foi sua virada?
Lançamos a reforma de casas de favela. Financiávamos os grandes do agronegócio e, depois, conheci a agricultura familiar, movimentos sociais, como a MST, e o trabalho das cooperativas, o que abriu um novo campo para mim. Quando você entende isso, não volta atrás. Coloca sua habilidade em algo que será bom para o mundo e as pessoas.
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Assista também ao programa Pílulas de Negócios, da coluna Acerto de Contas. Episódio desta semana: supermercados Nacional fechados, shopping bilionário e emprego que paga até R$ 17 mil
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Diogo Duarte (diogo.duarte@zerohora.com.br)
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