O aumento nos preços dos alimentos bem acima da inflação subiu na lista de prioridades do presidente Lula, que se reunirá com supermercados e atacadistas para ver o que fazer. Com a pesquisa Quaest que apontou queda na popularidade do governo federal, a situação fica ainda mais sensível, pois 83% dos entrevistados citaram a alta no custo da comida. Além disso, é semana de reunião do Banco Central sobre taxa de juro, às vésperas do aumento do ICMS dos combustíveis e da pressão para que Petrobras eleve valores também na refinaria.
Mas o que seria eficiente para reduzir o preço de alimentos? Na entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, apontou o principal culpado da inflação da comida: o dólar. O preço na prateleira sobe 15 dias após cada alta de cotação, diz ele, que defende, portanto, medidas de ajuste de câmbio. No que cabe a Lula, seria controle de contas públicas. O restante depende do andamento das promessas de Donald Trump, que voltou agora à Casa Branca.
Sobre a mudança no prazo de validade dos produtos, Longo garante que isso ainda está em discussão com o governo federal, mas não abrangeria todos os itens. A ideia é que a flexibilização para venda seja para produtos de higiene e limpeza, além de alguns alimentos apenas, como chocolate. Ainda assim, avisa que não provocaria grande queda de preços, mas ajudaria a combater desperdício.
Também na mesa do governo federal, a redução das taxas cobradas nos vales-alimentação pelas operadoras de cartão de crédito foi citada pela Agas como alternativa. O Ministério da Fazenda quer regulamentar uma lei de 2022 que permite a portabilidade para a empresa que o trabalhador escolher, o que tende a gerar concorrência e queda na cobrança.
Por fim, Longo citou que alguns preços sobem por especulação. Usou as cotações internacionais do café como exemplo, além do impacto da seca em locais produtores. O preço do café ao consumidor subiu cerca de 50% no último ano, 10 vezes a inflação.
Ouça a entrevista na íntegra:
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Guilherme Jacques (guilherme.jacques@rdgaucha.com.br) e Maria Clara Centeno (maria.centeno@zerohora.com.br)
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