Antigamente, só comprava em atacarejo quem era comerciante e queria revender ou consumidores finais que estavam mesmo muito dispostos a economizar. Ainda assim, as visitas não eram nada frequentes. As lojas não eram atraentes, pareciam depósitos. Não tinham frutas ou pães. Eram mesmo só para adquirir produtos de dispensa. O Makro, por exemplo, era o “mercado da catraca”, pela qual tinha que ter documento para passar, um entrave gigante na chamada “jornada do cliente”.
De alguns anos para cá, eles começaram a chegar perto dos bairros. O momento econômico ajudou, com inflação e crises exigindo que o consumidor apertasse o cinto. Foi colocada a opção de comprar menos unidades, sem necessidade de caixas grandes. As lojas ficaram mais agradáveis e passaram a ter padaria, açougue e área de hortigranjeiros. São serviços, aumentam um pouco o custo operacional, mas facilitam a vida do consumidor que consegue resolver ali todas as compras. Isso porque o “atacarejo raiz” mesmo só tem produto industrializado.
Será que vai ter consumidor para tanto atacarejo? Boa pergunta. Tem quem ache que sim, mas tem quem ache que haverá fechamentos. Por enquanto, é quase o único segmento com inaugurações enquanto a economia do país anda de lado.
Outra boa pergunta é como ficarão os supermercados. Qual será a função deles? As redes estão repensando seus modelos. Querem que o consumidor frequente tanto o seu atacarejo quanto o seu supermercado, mas qual tipo de produto, tamanho de loja, localização e serviços oferecidos levarão a esta fidelidade do cliente? Para a coluna, está sendo interessantíssimo acompanhar esta revolução.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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