
O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Evento que acontece há cada quatro anos para discutir como pequenas empresas podem entrar nas cadeias produtivas de grandes negócios, o Fórum Encadear de 2022, organizado pelo Sebrae, tem um foco bem definido: a sustentabilidade. Esse foi o assunto que marcou o primeiro dia de palestras em São Paulo, onde a coluna acompanha os painéis, que contam com palestrantes de companhias como Coca-Cola, Aurora Alimentos e Suzano.
- As micro e pequenas empresas, se não são tudo, são quase tudo. Foi o setor que ajudou a tirar o Brasil de 15% de taxa de desemprego para 9,3%. É quase um milagre. E hoje temos quantidade, e estamos buscando qualidade e produtividade. E isso se faz, também, com a sustentabilidade - destacou Carlos do Carmo Andrade Melles, diretor presidente do Sebrae Nacional.
Um dos objetivos, com as discussões, é fazer com que aumente a produtividade e competitividade das microempresas. O objetivo do Sebrae, ressaltado também pelo Ministério da Economia, é de elevar de 30% para 40% a participação dos pequenos negócios no PIB nacional. Na visão da entidade, isso só será possível se aumentar a capacidade produtiva.
- Os pequenos podem buscar produtividade através das grandes empresas. É o grande com o pequeno, e não contra o pequeno. Vimos isso com as pequenas empresas de tecnologia que venderam serviços para as grandes. E agora temos outra questão: o ESG. Hoje, as grandes devem trabalhar com pequenos, elevando a competitividade através de bases sustentáveis - falou o diretor técnico do Sebrae, Bruno Quick.
Convidado especial do evento, John Elkington, um dos principais nomes e consultores de sustentabilidade nas empresas e considerado o "pai da sustentabilidade", destacou que essa mudança de foco das companhias, que passam a olhar cada vez mais para assuntos ligados à sigla ESG (que, em português, significa meio ambiente, social e governança), está diretamente relacionado à outra questão: a de quem se importa com isso.

- Os jovens estão cada vez mais preocupados com as mudanças climáticas, com mudanças trabalhistas e com tudo que se relaciona a isso. Uma pesquisa mostra que o Brasil tem o terceiro maior percentual de jovens preocupados com o meio ambiente. E são esses jovens os eleitores, investidores e trabalhadores do futuro. Em quem eles vão querer votar? Em quem vão querer investir? De quem vão querer aprender? Com quem vão querer aprender? Tudo isso é muito importante para uma empresa - disse.
A transformação, porém, não é barata. E como fica para o pequeno negócio? John listou três dicas para que pequenas empresas se atentem e comecem, também, a se pautar pela sustentabilidade. Confira:
- Encontre e desenvolva seus "campeões internos". Atuais funcionários que já se preocupam com isso, que estão interessados em achar soluções mais sustentáveis, e invista neles. Ou então, incentive os funcionários para se atentarem a esses assuntos.
- Interaja com empresas maiores. Veja o que elas estão fazendo, como elas estão se adaptando. Não é porque elas são grandes que elas não têm desafios ou dificuldades para implementar o ESG. Pode ser que ela tenha exemplos práticos que funcionem para seu negócio.
- Encontre entidades parceiras. Uma boa dica é procurar na cidade ou na região por entidades e organizações que estejam trabalhando com o assunto e que poderão auxiliar na implementação de políticas ESG. Elas podem ter grupos de trabalho ou consultorias mais em conta para ajudar os negócios a se transformarem.
Mas, apesar das dicas, como fazer as pequenas empresas também se interessarem por isso?
- Não vou fingir que é fácil de responder, porque depende do setor e histórico da empresa. A diferença entre agora e o passado é que os executivos de todos os tamanhos entendem que são questões muito críticas, mas eles não sabem exatamente o que precisa ser feito. O que precisa ser feito é trabalhar com plataformas para desenvolver soluções e não fazer isso sozinho. Com muita frequência, os negócios, de quaisquer se sejam os tamanhos, se juntam para discutir soluções. Não é algo que siga passos A, B ou C. É uma das razões pelas quais eu falo que é preciso falar com negócios maiores, eles também estão nessa curva de aprendizado. E pelo menos alguns deles estão interessados - finalizou.
A coluna companha o Fórum Encadear a convite do Sebrae.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Com Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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