Com lockdowns prolongados na China e efeitos da estiagem no Rio Grande do Sul, caíram com força os números da exportação gaúcha. Os embarques para o país asiático acumulam um tombo de 54,2% em 2022, conforme noticiou a coluna nesta segunda-feira (20). Só no mês passado, as exportações do Rio Grande do Sul à China caíram 78,98% em relação a maio de 2021, puxados, principalmente, pela queda de venda de soja e carne.
— Da pauta gaúcha em maio, os dois itens representam quase 65%. Qualquer efeito sobre eles gera uma variação significativa na balança comercial — comenta Luciano D’Andrea, gerente de relações internacionais e comércio exterior da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), que organiza o sistema Panorama Comercial Brasileiro.
A coluna conversou com representantes de entidades de soja e proteína animal para saber a perspectiva deles sobre as exportações à China. Perguntamos se o tombo é pontual ou duradouro. Confira as respostas:
Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA):
"A questão da China não é exclusiva do Rio Grande do Sul. Caiu no Brasil inteiro, em todos lugares. Agora, China está recuperando sua produção e consumo. As exportações devem se recuperar no segundo semestre. Para a agricultura, o pior momento já foi atravessado. Lá na China teve lockdown, diminuição de consumo, mas conseguimos exportar acima de 80 mil toneladas. É menos do que 100 mil que tínhamos, mas ainda é um número alto. E prevemos uma recuperação no segundo semestre, não só pela China, mas também com abertura para Canadá e aumento de demanda em outros mercados."
Vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja do Rio Grande do Sul (Aprosoja-RS), Décio Teixeira:
"No meu ponto de vista, a queda nas exportações gaúchas tem reflexo na pandemia, especialmente com vários lockdowns na China, com a guerra na Ucrânia — que atrapalhou a logística — e principalmente com a quebra de safra no Rio Grande do Sul, que foi muito forte. Pode ser que se recupere em função da melhora das condições de saúde dos chineses e dos transportes assim que terminar a guerra. Mas da safra do Rio Grande do Sul, salvo o que sobrou de 2021, nosso número será bem menor. Calculo que não chegue a 9 milhões de toneladas toda safra, que era para ser de 21 milhões de toneladas. Teremos que nos contentar, fazer uma boa lavoura de inverno, até chegar dezembro. Nós temos que levar em conta também que os produtores, cooperativas e cerealistas não estão vendendo porque há uma defasagem entre as cotações internacionais e a venda aqui. Nossos produtores já ganharam acima de R$ 200 quando o mercado estava em menor cotação do que hoje. Está havendo uma diferença de pagamento. O mercado está travado também porque os produtores não estão sendo remunerados de acordo com o preço externo".
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
Leia aqui outras notícias da coluna
Experimente um jeito mais prático de se informar: tenha o aplicativo de GZH no seu celular. Com ele, você vai ter acesso rápido a todos os nossos conteúdos sempre que quiser. É simples e super intuitivo, do jeito que você gosta.
Baixe grátis na loja de aplicativos do seu aparelho: App Store para modelos iOS e Google Play para modelos Android.