
O crescimento de 10,4% do PIB gaúcho em 2021 era esperado, vem depois de um tombo de 6,8% no ano anterior com estiagem e pandemia e precisa formar um colchão para um 2022 difícil. Neste ano, temos, novamente, a estiagem. Além disso, a inflação continua, com um juro ainda mais elevado. Também é ano de eleições, o que costuma gerar incerteza, mas a economia já vive uma imprevisibilidade há dois anos. Tem a guerra inflacionária entre Rússia e Ucrânia, e, agora, as restrições chinesas para conter avanço de casos de covid-19, mas com preocupação maior com um possível repique na Europa. Mas há projetos privados saindo do papel, especialmente aqueles que buscam exatamente suprir gargalos, como os de energia.
E como a economia gaúcha começou 2021, então? Os dados do agronegócio, que já temos acompanhado com o impacto da estiagem, são preocupantes. Há quebras de 50%, como no caso da soja, principal grão de verão. Há uma perspectiva de aumento da safra de inverno, especialmente com o trigo, que está com cotação alta no mercado internacional.
Agora, vamos ao varejo. Janeiro trouxe a terceira queda consecutiva de vendas no Rio Grande do Sul, com recuo de 0,2% sobre dezembro de 2021. No país, o avanço foi de 0,8%. A alta de preços que também corrói a renda do consumidor interrompeu alguns crescimentos consecutivos. A expectativa era contornar a situação em 2022, mas a guerra tem exercido forte pressão inflacionária. Frente a janeiro de 2021, o comércio varejista cresceu 5%, quarta taxa positiva consecutiva, segundo o IBGE. O indicador acumulado nos últimos 12 meses registrou aumento de 4,0%, acima do acúmulo registrado até dezembro (2,9%). Queda mais intensa ocorreu no no varejo ampliado, que inclui veículos, motos, partes e peças e material de construção. O volume de vendas recuou -1,6% em relação a dezembro.
Já a produção da indústria gaúcha voltou a crescer. Em janeiro, ela mostrou crescimento de 0,8% frente ao mês de dezembro de 2021, recuperando, dessa forma, parte da perda de 1,6% registrada no mês anterior. Dos 15 locais pesquisados no país pelo IBGE, o estado ficou entre os cinco que tiveram resultados positivos no primeiro mês do ano. Já em relação a janeiro de 2021, houve recuo de 6,3%. A maiores influências negativas nesta comparação foram produtos de metal – exceto máquinas e equipamentos (-25,9%) e pelos artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-21,8%)., além de produtos de borracha e de material plástico (-16,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-5,9%) e móveis (-18,0%). Por outro lado, os principais impactos positivos vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (35,8%) e a metalurgia (14,0%). O primeiro segmento marcou o décimo segundo mês seguido de expansão, enquanto o segundo volta a ter crescimento após quatro meses de resultados negativos. Em 12 meses, a indústria do Rio Grande do Sul acumula alta de 7,5%.
Para fechar , o setor de serviços. Ele teve queda de 1,1% frente a dezembro, após acumular um ganho de 3,5% nos dois últimos meses do ano passado. Com esse resultado, o setor de serviços gaúcho se encontra 1,9% acima do nível de fevereiro de 2020 (pré-pandemia), embora ainda se mantenha 16% abaixo do pico da série histórica, registrado em outubro de 2014. No confronto com janeiro de 2021, o volume de serviços assinalou a décima primeira taxa positiva consecutiva, avançando 11,3%. O indicador acumulado nos últimos 12 meses, ao passar de 12,1% em dezembro para 14,0% em janeiro, manteve a trajetória ascendente iniciada em março de 2021 (-12,7%). Lembre-se de que a base é baixa, por ser um setor que sofreu muito com as restrições da pandemia. Ele inclui hotéis, restaurantes e transporte de passageiros. A retomada tem enfrentado a resistência da alta de custos, gerada e provocadora de inflação.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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