A liberação da China para a carne bovina certificada antes do embargo no início de setembro sinaliza que as demais exportações devam ser retomadas nas próximas semanas. Ao menos, é a expectativa do setor pecuário. Coordenador do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da UFRGS, professor Júlio Barcellos diz que é uma ótima notícia porque libera espaço para retomada da produção. Além disso, recupera a reputação brasileira no setor.
O professor entende que haverá reflexos no preço do boi para o pecuarista. Por outro lado, o consumidor quer saber, claro, se pagará mais pelo alimento. Desde o final de 2019, exatamente pelo apetite chinês e, depois, pela alta de custos de produção com câmbio e outras pressões, a disparada de preços bateu com força nas gôndolas dos supermercados.
Com o embargo de setembro, alguns cortes tiveram queda de preço, mesmo que a indústria de carnes reduzisse a produção (a ponto de aparecer no indicador geral da indústria brasileira, calculado pelo IBGE). A costela, inclusive, tem evitado que a inflação para o consumidor de Porto Alegre seja ainda mais alta. Ainda, claro, é uma queda longe de compensar a forte elevação. Para o professor Júlio Barcellos, uma alta de preços ficaria mais para janeiro de 2022.
- A majoração do preço da carne no varejo deve ocorrer a partir de janeiro, pois não há espaço neste momento devido ao baixo consumo. A entrada da primeira parcela do 13º salário e do auxílio emergencial será decisiva para aumentar o consumo até o Natal. Isso até poderia repassar um pouco o aumento do boi para o varejo, mas eu não acredito muito nisso.
Importante lembrar que a renda do consumidor está mais comprometida com o pagamento de contas básicas, como luz, combustíveis e gás de cozinha. Tanto que as pesquisas mais recentes de varejo apontam queda nas vendas em supermercados, um segmento que costuma sentir pouco reduções em volume.
A liberação da China anunciada hoje representa em torno de 40 mil toneladas de carne. São 250 mil cabeças de bovinos em todo o Brasil.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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