A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) definiu nesta terça-feira (29) que o valor da bandeira vermelha patamar 2 será reajustado em 52%, para R$ 9,49 a cada quilowatts-hora (kw/h) consumidos. O preço até então era de R$ 6,243. Essa cobrança extra mensal no patamar mais alto já está valendo desde junho e prosseguirá pelos próximos meses. Só que isso não foi suficiente para suprir o custo com a geração de energia, elevadíssimo pela crise hídrica. Então, o órgão decidiu por aumentar o valor. A área técnica da Aneel tinha recomendando até um aumento maior, para mais de R$ 11.
À coluna, o coordenador da pesquisa de preços da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz, estimou uma alta de 8,12% na conta de luz na média nacional, que também é formada pela tarifa de energia elétrica e pelos tributos. Já para Porto Alegre (RS), a alta prevista é de 11,55%, menor apenas do que no Rio de Janeiro (RJ) na pesquisa, onde o aumento projetado é de 12,43%. Os índices mudam conforme o perfil de consumo do local. As duas capitais costumam ter um peso maior da energia no orçamento das famílias.
Importante lembrar que o aumento valerá já para julho, ocorrendo em cima de uma base já alta, que foi a conta de luz de junho. Além disso, Braz alerta para o efeito em cascata, que também chega ao bolso do consumidor:
- Tem os efeitos indiretos, como o quanto esse encarecimento da energia vai afetar a prestação de serviços e a atividade industrial. Vai fazer uma nova pressão inflacionária, que será diluída ao longo do tempo enquanto a bandeira vermelha patamar 2 vigorar. A bandeira tem sempre um efeito transitório e não permanente, mas, ao que tudo indica, o volume de chuvas no inverno será pior e ela deve continuar.
Braz projeta que só o impacto direto da alta da conta de luz ao consumidor provocará um aumento de 0,32 ponto percentual no IPCA, indicador calculado pelo IBGE e considerado a inflação oficial do país. Acima de 8% no acumulado de 12 meses, o índice já tem se distanciado cada vez mais da meta do governo federal para a inflação deste ano.
E lembre-se que, como a bandeira é apenas parte da conta de luz, ainda tem previsão de alta acima da inflação para as tarifas de energia: Assustado com a cobrança extra na conta de luz? Prepare-se para o reajuste da tarifa
O valor da bandeira tarifária, no entanto, poderá ser ainda maior já em agosto e nos próximos meses, já que a agência irá rever os parâmetros para cálculo da bandeira. A consulta pública para a revisão pode ser aberta ainda nesta terça, em reunião extraordinária.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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