Foi concedida a Indicação de Procedência do Chocolate Artesanal de Gramado, uma certificação batalhada há anos pelo setor tão característico da serra gaúcha. A liberação pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) foi publicada nesta quarta-feira (15). Com isso, poderá ser usado o Selo de Chocolate de Gramado. Além disso, a cidade recebe a primeira indicação geográfica para chocolate artesanal no Brasil. 

O pedido foi registrado pela Associação da Indústria e Comércio de Chocolates Caseiros de Gramado (Achoco) em 2018 após dois anos de elaboração de um regulamento, com o suporte da Secretaria Municipal do Turismo. A empresa que conduziu o projeto foi a Master Assessoria Empresarial. Segundo o sócio Marcelo Adriano, o Inpi fez, desde então, seis exigências, e todas foram atendidas.   

A Achoco, agora, definirá critérios para as empresas usarem o selo nos seus produtos e fiscalizará o cumprimento das regras. A certificação vale para chocolates fabricados apenas no município de Gramado, incluindo barras, ramas, bombons, trufas e drágeas de chocolate ao leite, branco, meio amargo e amargo. 

Além da procedência, a certificação sinaliza a qualidade do produto, destaca Marcelo Adriano:

- Determina o uso mínimo de 35% de cacau no caso de chocolate ao leite e percentual ainda maior no meio amargo e amargo. Além disso, as fábricas devem usar manteiga de cacau no lugar de gordura vegetal, por não apresentar gordura trans - explica Marcelo Adriano.  

A coluna conversou com a secretária de Turismo de Gramado, Rosa Volk, logo após ela ter recebido a notícia e comemorava a conquista. Ela estava na secretaria quando todo o processo começou. Aliás, hoje será a entrevista para lançar o Natal Luz, mais um motivo para a felicidade de Rosa.

- O chocolate é o produto mais vendido na cidade. Agora, ele posiciona Gramado como marca! 

Antes da pandemia, a produção anual de chocolates em Gramado estava estimada em 1,2 milhão de quilos. 

O chocolate de Gramado

Conforme a documentação enviada ao Inpi, a primeira fábrica de chocolate caseiro foi inaugurada em Gramado em 1975. A partir da expansão das empresas, o produto se tornou reconhecido e comercializado em todo o país. Em 1994, a reputação de Gramado como tradicional produtor de chocolate se refletiu na fundação da "Chocofest", festival que entrou para o Livro dos Recordes (Guiness World Records) nos anos de 2007, 2009 e 2014, com a produção dos maiores coelhos de chocolate do mundo. A história de Gramado foi diretamente influenciada pelos europeus que chegaram entre o século XIX e início do século XX e trouxeram as habilidades artesanais de produção do chocolate. 

A certificação do Inpi

A Indicação Geográfica é um sinal constituído por nome geográfico que indica a origem geográfica de um produto ou serviço. Apenas os produtores e prestadores de serviços estabelecidos no respectivo território podem usá-lo. A espécie de IG chamada Indicação de Procedência se refere ao nome de um país, cidade ou região conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço. Já a espécie Denominação de Origem reconhece o nome de um país, cidade ou região cujo produto ou serviço tem certas características específicas graças a seu meio geográfico, incluídos fatores naturais e humanos. No Rio Grande do Sul, começou pelo setor dos vinhos e chegou até os doces de Pelotas. 

Capital nacional

Ainda em 2020, foi aprovada e sancionada a lei que deu a Gramado o título de capital nacional do chocolate artesanal. Na justificativa para a distinção, foi citada a importância do chocolate para o turismo da chamada Região das Hortênsias, na serra gaúcha. Em tempos normais, a cidade recebe mais de seis milhões de visitantes por ano, que são responsáveis pela geração de 90% das receitas do município.  

Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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