O fim da tarifa de importação será "desastroso", brada a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). A entidade foi a Brasília combater a proposta de abertura comercial do setor. O encontro foi realizado no Ministério da Economia nesta semana, quando representantes dos calçadistas foram recebidos pelo secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, Marcos Troyjo.
Presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira entregou um documento apontando o potencial prejuízo, caso ocorra a redução da tarifa de importação de calçados para países de fora do Mercosul. Ela é chamada de Taxa Externa Comum, ou simplemente TEC. O executivo corre em dizer que não é contra o livre comércio, mas acrescenta que isso deve vir acompanhado de redução do chamado custo Brasil, ou seja, quanto o empresário gasta para produzir aqui e que os concorrentes internacionais têm de vantagem.
— A Abicalçados não é contrária, de forma alguma, ao livre comércio. A questão é que, sem a redução do nosso custo de produção, estaríamos vulneráveis à concorrência de países asiáticos que têm um custo muito reduzido. Seria um desastre para a indústria nacional em geral, no especial a de calçados, que tem sofrido com a concorrência de países asiáticos mesmo com a imposição de tarifas de defesa comercial — diz o presidente.
O executivo sentiu "sensibilidade" por parte do secretário de Comércio Exterior. Reforça o pedido de cautela nesse processo. Os dados do documento não foram detalhados, mas a Abicalçados lembra que o setor emprega 300 mil pessoas em seis mil empresas. A entidade diz ainda que o custo de produção no Brasil é um dos mais elevados do mundo, cerca de US$ 4 por hora, o que é o dobro da China e o quádruplo da Índia.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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