Mesmo com a alta de quase 20% do dólar em 2018, as exportações de calçados caíram. No país, a redução foi de 10,8% em volume e de 10,5% no faturamento dos embarques na comparação com 2017. Foram 113,47 milhões de pares e US$ 976 milhões. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, a exportação subiu só em abril.
Resultado negativo também no Rio Grande do Sul, que ainda permanece como a principal origem do calçados exportados. As vendas gaúchas para o exterior caíram 3,4% em volume e 5,2% em receita. Das fábricas daqui, saíram 27,18 milhões de pares que geraram US$ 428 milhões. O Ceará é o segundo maior exportador.
Mesmo com o real desvalorizado, que deixa o produto nacional mais competitivo, a forte oscilação cambial atrapalha negociações e formação de preço pelos exportadores. Presidente-executivo da Abicalçados, Heitor Klein destaca ainda a greve dos caminhoneiros em maio, com aumento nos custos de produção. Para 2019, está otimista, como os empresários brasileiros em geral.
- A partir deste ano, porém, com um ambiente mais seguro para os agentes de exportação, devemos obter incrementos. Existe uma tendência, por conta a guerra comercial travada entre os Estados Unidos e China, de substituição das importações de calçados asiáticos naquele país - diz ele.
Destino que gerava preocupação, os Estados Unidos importaram 51% mais pares de calçados em dezembro. Ainda que tenha fechado o ano com queda de 5%. O segundo comprador estrangeiro foi a Argentina, que importou 47,3% menos calçados brasileiros em dezembro, mas 2% mais no ano. O terceiro país importador de calçados brasileiros de 2018 foi a França.
- A Argentina passou a diminuir suas importações de calçados brasileiros a partir dos últimos meses do ano passado, especialmente por conta da crise interna e desvalorização brusca do peso ante o dólar, o que encareceu os produtos dolarizados - avalia Klein.
Já as importações de calçados fizeram movimento inverso. Em 2018, entraram no Brasil 26,6 milhões de pares, aumento de 11,8%. Somaram US$ 347,55 milhões, incremento de 2,2% sobre 2017. As principais origens foram os países asiáticos: Vietnã, Indonésia e China.
O ano de 2018 foi mais um período difícil para o setor calçadista em geral, salvo exceções. Conforme o último levantamento do Ministério do Trabalho, a indústria do segmento segue fechando milhares de empregos e está com o pior resultado do Rio Grande do Sul.
Inclusive, os dados da produção de calçados, também divulgados pela Abicalçados, até mostram um aumento em novembro de 6,4% sobre o mesmo mês de 2017. Veio depois de um avanço de 7%. No entanto, no acumulado do ano, a produção ainda está 1,6% menor.