O perfil básico dos desalentados no Brasil é: mulher, nordestina, pouco escolarizada e jovem. Lembrando que são chamadas assim aquelas pessoas que estão em idade ativa, gostariam de trabalhar, mas desistiram de procurar uma vaga porque perderam a esperança.
O recorte está na seção de Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo foi divulgado nesta quinta-feira (20).
"(...) metade dos indivíduos que deixaram de procurar emprego por conta do desalento possui apenas o ensino fundamental incompleto. Em relação ao perfil etário, enquanto os jovens entre 18 e 24 anos representam 15% da população em idade ativa, eles correspondem a 25% dos desalentados. Em termos geográficos, o problema é maior na região Nordeste (60% do total nacional)", analisa o Ipea.
Já a Região Sul tem 4,3% dos desalentados do país. A participação vem caindo é a menor entre as regiões. No entanto, os desalentados aqui representam 14,5% da PIA, a população em idade ativa. Nesta comparação, temos percentuais mais altos que Norte e Centro Oeste.
Em quatro anos, o número de "desalentados" no Rio Grande do Sul subiu de 27 mil para 75 mil pessoas. Este aumento de quase 180% significa que 48 mil gaúchos desistiram de buscar trabalho durante a crise, que atinge a economia desde 2014.
No início de 2016, pouco mais de 14% dos que transitavam do desemprego para a inatividade o faziam pelo chamado desalento. No segundo trimestre de 2018, essa proporção atingiu 22,4%. Indica que a permanência no desemprego por um período longo, associada a uma taxa de desocupação elevada na economia, está fazendo com que uma parcela cada vez maior dos desocupados desista de procurar emprego.
No entanto, está aumentando o número de trabalhadores que transitam da ocupação para o desalento em um curto espaço de tempo. Ou seja, após perderem sua ocupação, eles não procuram emprego, ou procuram por pouco tempo e já entram na inatividade.