Dia Mundial do Meio Ambiente, neste 5 de junho, não será de festa, mas de advertência. “Estamos destruindo o planeta. Os gases do efeito estufa gerados pelo carvão e o petróleo precisam ser combatidos com urgência e profundidade, em forma total”, alertou o secretário-geral da ONU, Antônio Guterres, na Conferência Mundial dos R-20 sobre mudanças climáticas, dias atrás.
Ao reunir especialistas governamentais e cientistas de diferentes áreas (geólogos, biólogos, botânicos, físicos, químicos e médicos), os R-20, organizados pelo ex-governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger, foram drásticos: baixaram de 30 para 12 anos o “prazo máximo” para substituir os combustíveis fósseis por energias limpas e, assim, salvar o planeta.
“Precisamos em curto tempo de uma ‘economia verde’ substituindo a ‘economia cinza’ do carvão”, sintetizou Guterres.
O diagnóstico científico gerou um alerta:
“Financiar a poluição é crime. É preciso terminar com os subsídios ao carvão e petróleo, geradores do efeito estufa. Alguns governos estão dando dinheiro aos ciclones, derretendo geleiras, matando corais. Ou seja, financiam a destruição do mundo”, frisou o secretário-geral da ONU. E apelou aos governantes: “Financiem a sociedade pós-carbono. Nenhum centavo para a destruição do planeta”.
Greta Thunberg, a menina sueca hoje símbolo mundial da preservação da vida, encerrou o painel:
“O horror das mudanças climáticas constitui a maior crise que a humanidade jamais enfrentou”.
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Opondo-se às conclusões da ciência, aqui no Rio Grande a lei do governo Sartori (aprovada às pressas em 2018 pelos deputados por 50 votos a um) prevê isenções fiscais e financiamentos públicos ao polo carboquímico a ser gerado por uma mina de carvão à beira do Jacuí... Os propagandistas da ideia falam num investimento de R$ 2 bilhões, financiados obviamente por bancos públicos, tipo BNDES. Ou seja, por todos nós, possíveis vítimas da futura degradação do ar e da água do Jacuí, que abastece o Guaíba.
Não será isto uma forma de pagar pelo próprio suicídio?
Em debate na Escola de Engenharia sobre a mina de carvão que ocupará 240 hectares hoje dedicados a plantações de arroz orgânico e hortaliças ecológicas, Francisco Milanez, dirigente da Agapan, sintetizou sabiamente: “Querem destruir o moderno e substituí-lo por uma arcaica e ultrapassada mina de carvão”.
Para completar o absurdo, só falta reinstalar lampião e candeeiro para substituir a luz elétrica em nossas casas...