O que teremos em 2017? Para onde caminharemos? De que lado virão os ventos e como serão? Suaves ou cruentos? Ou violentos, noite e dia sem alegria na faina dura buscando vida pura?
O mais fácil e rápido seria perguntar ao nosso mais recente protetor e, de imediato, o Dr. Google daria a resposta.
Esse dadivoso santo da nova religião da informática é milagroso e resolve dúvidas sobre o passado ou assegura o que pensamos do presente, mas nada sabe do futuro. Totalmente incapaz de prever se amanhã teremos chuva, tem, no entanto, o mérito de respeitar opiniões e posições.
É democrático santo. Sem fanatismo nem intolerância, não suporta ditaduras. Valoriza o diálogo, faz com que o debate substitua o preconceito e, assim, nos leva a vislumbrar o futuro e sonhar com o amanhã.
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Sonhamos muito melhor despertos e de olhos acesos do que naqueles incontroláveis sonhos noturnos em que nos guiam as nuvens do sono e do cansaço ou, até, o ruído bruto do ronco. Por isto, sonharei aqui de público. Cada vez é mais necessário extravasar o que sentimos, impedir que nos calem ou que nos escravize o poder – qualquer poder, o dos déspotas da política ou o da cobiça do dinheiro.
Antes de tudo, sonho com que o namoro de Trump e Putin não chegue às últimas consequências e um não engravide o outro para não gerar descendência. Já pensaram no que seria o planeta com dezenas de filhos dessa tosca mancebia?
Logo, sonho com boa saúde ao p
apa Francisco, para seguir abrindo caminhos à paz, à defesa da vida e da natureza, hoje ameaçadas pela extravagante cobiça da sociedade de consumo, que polui e destrói terras, águas e ar em busca de lucro fácil.
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Sonho com que a humanidade entenda que o amor e a solidariedade são as únicas justificativas da vida. E que o planeta e o Universo não são propriedade humana, mas obra da Criação, que nos cabe preservar. Sonho em que não se repitam crimes ultrajantes como os da Samarco, que envergonham o ser humano.
Sonho em que a miséria e a ignorância sejam só um pesadelo, jamais realidade. E que deixem de ser caldo de cultivo para a politicalha atual. E que a política volte às origens e não seja apenas ânsia para ter poder e locupletar-se com dinheiro roubado de quem trabalha.
E que nos deixem de mentir e enganar. E que o crime não se fantasie de beneficência Divina ou de representante de Deus. E que a falsidade não use Cristo para disfarçar ou ocultar o delito.
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Não sonho só com valores ou princípios gerais. Sonho também com honestos juízes, corretos médicos, engenheiros, economistas, advogados, dentistas, agricultores, comerciantes, operários. Com jornalistas nunca neutros face ao crime. Com cozinheiros que rejeitem o terror dos alimentos industrializados ou dos refrigerantes. Sonho com o sabor do vinho, mas sem alcoólatras.
Sonho com uma sociedade que previna e impeça o crime extirpando as causas. Com uma polícia que proteja os cidadãos sem servir de escudo à ambição dos políticos.
Sonho com uma sociedade sem drogas e sem violência. Talvez sonhe com um sonho.
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Perguntarão onde ficam as piruetas de Lula, Temer, Sartori, Fortunati, Marchezan e outros. Escrevi aqui dos sonhos, não de pesadelos!
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P.S. – A mais recente descoberta da Lava-Jato é tragicômica amostra da mercantilização da política. A "LILS Palestras e Eventos", cuja sigla são as iniciais de Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu R$ 28 milhões da Andrade Gutiérrez, Camargo Correa, UTC, Odebrecht e outras empresas às quais o ex-presidente prestou serviços.
A Cervejaria Petrópolis pagou R$ 1,5 milhão por três discursos em que Lula recomendou "beber cerveja Itaipava", abertamente. Em novembro de 2013, em mensagem a Paulo Okamoto, presidente do Instituto Lula, o dono da cervejaria, Walter Faria, apontou até o que o ex-presidente devia dizer ao inaugurar nova fábrica na Bahia: "...dizer que 'a Itaipava é a preferida por ser 100% brasileira' e também, como ele já disse em Atibaia – 'não bebo muita cerveja, mas quando bebo é Itaipava', seria o ideal", escreveu.
E Lula discorreu longamente sobre os sabores benéficos da cerveja!
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