Ok, a minha também, podes crer. Tanto é que volta e meia pessoas próximas batem na santa tecla: “Não vai contar tuas histórias com o Bob Dylan?”. Ou então: “E a aquela viagem de Nova York a Porto Alegre de carona, essa tem que ir pro papel”. E ainda há os encontros com os luminares da geração beat, um breve e voluntário exílio no mato e mais isso e mais aquilo. Mas a questão não é essa. A questão é que, dentro dumas, qualquer vida daria um livro, saca? O ascensorista que passou 30 anos abrindo e fechando a porta pantográfica, o devotado lixeiro, o taxista com toda certeza, mas o taxidermista também. Todos tem história para contar. Não duvido que até a faustosa e enfadonha vida do desembargador renda algo – até porque se aposentando tão cedo, tempo e grana eles têm de sobra.