Foi quando o cristianismo era pouco mais do que uma miragem tremeluzindo desde as areias inférteis do Oriente Médio – de onde, claro, era originário – e o paganismo seguia sendo a floresta luxuriante de liames e líquens, de musgos e murmúrios, porém entulhada de madeira velha, pronta para arder sob o fogo do proselitismo, soprado por uma fé intolerante, voraz e monolítica. Foi o tempo descrito por Gore Vidal em Juliano, quando a nova religião brotava feito dardos atravessando as folhas quebradiças do outono; a época recriada também por Marguerite Yourcenar nas páginas que parecem gravadas em mármore de Adriano. Mil anos antes dos esconjuros balbuciados pelas bruxas de Macbeth num pântano de infortúnios.
O pássaro e a chama
Quem somos, de onde viemos, para onde vamos?
Como diz a velha parábola "assim é a efêmera vida humana, da qual nada sabemos do que a precede nem do que se lhe seguirá..."
Eduardo Bueno