
A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) não tem a obrigação de ajudar os árbitos durante a crise imposta pela pandemia de coronavírus. No entanto, a entidade gaúcha marcaria um golaço se repetisse o gesto da CBF e antecipasse taxas para a arbitragem.
Não estou dizendo que a FGF deveria doar dinheiro a ninguém. Também não foi isso que a entidade nacional fez.
A questão está em antecipar parte de recursos que seriam pagos aos árbitros caso os jogos estivessem acontecendo. Quando o futebol voltar e, convenhamos, um dia ele vai voltar, a quantia seria ressarcida em um cenário de normalidade e ficaria legal para todo mundo.
O chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, anunciou que vai liberar o equivalente ao valor da maior taxa recebida pelos árbitros em uma única partida de 2019. No total, 479 profissionais do apito nacional serão beneficiados com os recursos antecipados. O montante necessário para essa operação será de aproximadamente R$ 800 mil.
Trazendo a coisa para o cenário gaúcho, o custo seria muito menor até porque a quantidade de árbitros é muito inferior. Fazendo uma conta rápida e por alto, com R$ 150 mil seria possível atender aos árbitros do quadro da FGF.
O raciocínio é mais ou menos o seguinte: os 20 árbitros da categoria A recebem uma taxa aproximada de R$ 2 mil para apitar um jogo do Gauchão. Acrescente outros 40 que fazem parte da categoria B e ganham valores que não passam de mil reais em uma partida apitada. Teriamos 60 árbitros e um valor somado de R$ 80 mil.
Some a isso os bandeiras, que mesmo em maior quantidade, representam ganhos de 50% proporcionalmente na comparação com um juiz central de cada categoria. Ou seja, chegaríamos a mais um montante de R$ 40 mil.
Para fechar os R$ 150 mil, os outros R$ 30 mil que estão faltando para fechar a conta entrariam como ajuda para os demais, integrantes da categoria C. Esses atuam em partidas de menor expressão e consequentemente têm taxas menores.
Portanto, com esse valor total a FGF marcaria um golaço para ajudar e ajudaria profissionais que estão sendo altamente impactados com essa parada do futebol.
Há casos de árbitros que dependem só do apito para viver. Mesmo que muitos tenham atividades profissionais paralelas, quanto deles desempenham funções que também estão paradas? Como ficam os casos de árbitros que trabalham como personal trainer em academias e apitam futebol? Tudo está parado e alguns não estão recebendo de lado algum.
Enfim, seriam muitas outras perguntas para poucas respostas. É apenas uma ideia e talvez não seja a solução ideal, mas parece que Gaciba nos oferece um modelo interessante a ser seguido.
Também sei que é mais fácil fazer conta com o dinheiro dos outros. Não sei a realidade interna e não tenho o domínio dos problemas enfrentadas pela FGF neste momento. O que posso dizer é que as dificuldades dos árbitros são enormes. Para muitos, a bronca está em pensar a cada dia como colocar comida na mesa.