
Eu era repórter quando ele comandava o futebol do Grêmio. Perdi as contas de quantas vezes entrevistei Dênis Abrahão na década de 1990 e começo do novo milênio. Falávamos diariamente, mais ainda nas viagens.
Conhece tudo de vestiário, gestão e, o mais importante: futebol. Jogador nenhum enrola Dênis Abrahão. Só que, hoje, no organograma dos clubes, o dirigente estatutário perdeu relevância. A figura do executivo (ele foi pioneiro no Grêmio, mas depois de afastou) toma conta de quase tudo nas rotinas diárias. De qualquer maneira, não tenho dúvida de que é um baita reforço como vice de futebol.
Dênis tem um traço bem claro como dirigente. Ele age. Não deixa para depois. Fala. Sei que já vai conversar com alguns jogadores para pedir que chutem mais de fora da área. Tentará o que estiver ao seu alcance. O pecado da omissão passa longe de sua trajetória. Ganhou, perdeu — mais ganhou do que perdeu —, mas sempre comprou as brigas do clube como se fossem suas, sem medo de ferir suscetibilidades.
O simples fato de ter aceitado o cargo em situação desesperadora é prova disso. Depois de viver uma tragédia familiar, há muito tempo, afastou-se do futebol. Tentaram trazê-lo de volta várias vezes, sem sucesso.
Se topou agora, é porque a missão realmente exige algo diferente de todos os lados tricolores. Boa sorte a ele. E a Sergio Vasques, outra grande figura que está de volta ao Grêmio, acostumando a lidar com jovens graças a sua experiência com categorias de base no passado.