Quase não acreditei quando ouvi a notícia, ainda no ar no Esportes ao Meio-Dia, ao comando do Filipe Gamba, na Rádio Gaúcha. A Conmebol, em vídeo-conferência com seus súditos, que são os presidentes de cada confederação, anunciava com orgulho uma receita bruta recorde, vitaminada pelos direitos de transmissão da Libertadores e Sul-Americana, agora mais caros e com uma nova plataforma, que é o poderoso Facebook.
De 2018 para o ano passado, o faturamento subiu mais que a curva do coronavírus na Europa, de R$ 1,2 bilhão para R$ 2,6 bilhões. Há dinheiro transbordando, portanto. Sempre houve, mas precisou a morte bater à porta para a fortuna ser redistribuída com algum senso de justiça, para além dos prêmios a classificados e campeões da Libertadores, Sul-Americana e Recopa Sul-Americana.
Pois não é que o fundo de emergência da Conmebol para ajudar na pandemia será de apenas R$ 142 milhões? Sim: perto de R$ 2,6 bilhões, são migalhas.
A Fifa disponibilizou R$ 14 bilhões do seu fundo de reserva. Já não duvido que a CBF faça vaquinha pela internet para angariar fundos. É impressionante como a confederação sul-americana age como ditadura, na base dos ritos sumários. Não há transparência. Qual a razão para um valor tão baixo, comparado ao lucro? Como e quem o definiu? Não se sabe nada. Não tem entrevista coletiva. Não tem pergunta e resposta.
É só comunicado curto. O resultado do julgamento dos brigões do Gre-Nal, por exemplo. Não duvido que a vacina do coronavírus chegue antes. Quando a democracia alcançará a cúpula do futebol? A gente se acostumou de tal maneira a esse cenário de os mesmos se revezarem no poder, sem eleição ou oposição, tal qual realezas da Idade Média, que vai perdendo o poder de indignação.
É inacreditável.